O percurso de Moniz na comunicação social

José Eduardo Moniz ocupou ontem, quarta-feira, pelo último dia o lugar de director-geral da TVI, depois de mais de dez anos à frente da estação que transformou em líder de audiências e campeã de facturação e de rentabilidade. José Eduardo Moniz nasceu no dia 6 de Maio de 1952 em Ponta Delgada, onde viveu e estudou até acabar o liceu. Mudou-se depois para Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Iniciou-se como jornalista na redacção do Diário Popular, logo após terminar os estudos. A carreira em televisão iniciou-se pouco depois, com a sua passagem para a RTP, onde foi chefe de redacção. Posteriormente, decidiu ir para a revista TV Guia e criou uma produtora de televisão, a MMM. José Eduardo Moniz passou ainda pela Rádio Renascença e voltou à RTP, mas como director, cargo que ocupou durante vários anos. Em 1998 integrou os quadros da TVI, um ano depois de a Media Capital, ainda liderada por Miguel Paes do Amaral, ter comprado 30 por cento da empresa. Nesse mesmo ano, a Sonae passou a gerir a TVI e Belmiro de Azevedo convidou José Eduardo Moniz para dirigir a estação e reformular o canal com piores audiências do mercado. Pouco depois, a Media Capital exerce o seu direito de preferência e compra as participações da Sonae, da Cisneros e da Lusomundo, passando a deter a quase totalidade da TVI. O novo director-geral mantém-se e começa a preparar uma reforma da estação que visava alcançar a liderança de audiências, o que consegue em 2000, com o sucesso do reality-show "Big Brother". Entretanto, começa também a aposta na informação e sobretudo nas telenovelas e na ficção nacional, que levou à compra da NBP, e fizeram da TVI a empresa mais bem sucedida da Media Capital. Mantendo a TVI como o canal mais visto pelos portugueses, José Eduardo Moniz continuou no seu posto mesmo quando a espanhola Prisa entrou no capital da Media Capital em 2005. Apesar dos resultados positivos da estação televisiva, o grupo foi afectado em 2008 e este ano pela dívida crescente da Prisa e pela descida de receitas publicitárias resultantes da crise económica. O grupo espanhol anunciou no ano passado que ia vender parte da Media Capital (30 por cento), tendo a Portugal Telecom manifestado o seu interesse. O negócio acabou por ser inviabilizado pelo Governo - que detém uma golden share na PT -, abrindo caminho para outros grupos de media analisarem o negócio. Foi o que aconteceu com a Cofina e sobretudo com a Ongoing que continua a estudar a possibilidade de entrar na Media Capital, desde que consiga obter o controlo da gestão da TVI. Ontem, José Eduardo Moniz e a administração da TVI anunciaram uma rescisão de contrato de trabalho com efeitos imediatos. O director-geral da estação de Queluz afirma-se triste na saída, mas de consciência tranquila, com a convicção de se ter orientado "por princípios de honestidade e isenção, não aceitando pactuar, até final, com orientações ou pressupostos susceptíveis de contaminarem o pacto de seriedade e de verdade celebrado com os espectadores".