quinta-feira, 25 de junho de 2009

Entrada da PT na TVI em debate no Parlamento

A intenção de compra da PT de 30% do grupo proprietário da TVI mereceu menção no Parlamento. As leituras políticas deste negócio não se fizeram esperar. Uma coisa é certa: uma nova era se avizinha para os média nacionais. Ontem, reagindo a Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro José Sócrates disse desconhecer o negócio em curso, anteontem anunciado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários). Apesar da demarcação do Governo, o fantasma da interferência política numa televisão voltou a pairar num país que se prepara para eleições. A questão coloca-se por a PT continuar a ser uma empresa sob alçada do Estado. Apesar da sua presença como accionista ser mínima, não ir além das 500 acções, a Portugal Telecom possui direitos especiais (golden share) que lhe garantem direito de veto em matérias estratégicas. Não será este, porém, um desses casos, segundo fonte da PT, uma vez que a aquisição de activos é decidida em sede de Conselho de Administração e não em Assembleia Geral, onde assuntos como contas anuais são analisados. Também não se pode falar da TVI nesta fase sem referir o diferendo público, formalizado em acções no Tribunal, entre José Sócrates e José Eduardo Moniz, director-geral, e Manuela Moura Guedes, pivô do "Jornal Nacional". Com a entrada em cena de um accionista familiar ao Estado, a retirada da mais inconveniente das pivôs volta a equacionar-se. Pelo lado da PT, a finalização do negócio reforça a sua presença na área dos conteúdos. Braço que ainda falta à operadora até aqui virada para o negócio da distribuição de canais, através do Meo e recentemente com a TDT. Embora estas sinergias só possam viabilizar-se caso este avanço seja um primeiro passo para uma participação maior no grupo. Resta saber se o negócio com a Media Capital, detida pela espanhola Prisa em mais de 90%, que, neste momento precisa de liquidar a dívida de cinco milhões de euros, se focaliza na TVI. A Media Capital detém várias rádios, como a Comercial e Rádio Clube, e a produtora Plural, cujo futuro passa pela construção de uma cidade cenográfica para servir também a estação espanhola do grupo.

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