Novelas, concursos, humor e algum investimento em formatos informativos que depois desapareceram, foram os principais elementos da oferta televisiva dos canais generalistas da temporada que agora terminou. As estações estão prestes a anunciar os programas que vão oferecer aos espectadores na nova grelha de Outono. Da anterior, que terminou no início do Verão, fraca memória ficou. Investigadores que estudam a área, consideram que não se inovou. Francisco Rui Cádima, professor da Universidade Nova de Lisboa, é da opinião que a televisão portuguesa recebe "influência terceiro-mundista". "Este ano não fugiu à regra: telenovelas, portuguesas e brasileiras, programas com características de humor como os Gato Fedorento ou "Os Malucos do Riso" e também os concursos televisivos. Não encontramos em nenhum país europeu canais com estas características". Definidor da temporada, pela positiva e pela negativa, de acordo com o investigador, foi a criação de dois programas "que desapareceram quase de imediato". Refere-se às entrevistas de Mário Crespo, na SIC generalista, e a "Cartas na Mesa", de Constança Cunha e Sá, transferido para o TVI 24. Outro dos programas positivos foi "Equador", que considera a estreia "mais importante da temporada", que revela um "grande investimento em ficção portuguesa de qualidade". Quanto à RTP, Rui Cádima considera ter havido "algumas inovações nos programas de informação diária", destaca "Os Contemporâneos" e lamenta a "doença crónica" que são os concursos diários. "Tiram espaço e tempo à diversidade de programas" e "não são muito significativos". E lamenta que o primeiro canal público "tenha entregue à RTP2 a sua função cultural". Também na opinião do crítico de televisão Eduardo Cintra Torres pouco houve de inovador nas grelhas generalistas. De positivo destaca "Equador", "que acabou por ser uma telenovela (feita) com mais cuidado, mas que também não é nada do outro mundo", frisando a melhoria das produções de ficção da TVI nos últimos dez anos. "Os Gato Fedorento esgotaram o modelo do talk-show de comédia, e o que acho mais importante assinalar é o crescimento dos canais alternativos em termos de audiência", prossegue. Da RTP, o docente da Universidade Católica diz que a estação pública "está cada vez mais comercial" e que mesmo a RTP2 aposta na cultura tipo light: "Deixa de fora programas que não têm audiência mas que são a sua razão de ser". Para a nova grelha, Cintra Torres considera que a TVI vai continuar a liderar, ainda com menor percentagem, a SIC deve conseguir estabilizar no segundo lugar e a RTP1 vai ter dificuldades em sair do terceiro se continuar a apostar em programas de canto, dança e concursos.
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