A reguladora está preocupada por a programação e a informação da RTP1 se assemelharem cada vez mais ao que é emitido pelas estações privadas. O relatório anual emitido por esta entidade mostra que a tendência continua a aumentar. "Verifica-se um certo mimetismo entre os privados e o serviço público" não estando assegurado "de forma satisfatória o princípio da distinção", frisa Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), assinalando esta como uma das conclusões que mais se destaca do documento. O texto salienta que "a informação, o entretenimento e a ficção são os macrogéneros com maior peso" nas programações dos três canais, enquanto outros como os infantis, religiosos ou culturais têm uma dimensão reduzida. Ainda assim, o relatório salienta que, dos quatro canais generalistas, "a RTP1 é a que possui maior diversidade de géneros televisivos". Quanto à informação, a apreciação identifica "uma aproximação das agendas jornalísticas dos três operadores, patente na hierarquização dos temas, protagonistas e fontes", nos principais blocos informativos. A ERC sublinha ainda a frequente omissão das fontes de informação, ou o recurso a uma única fonte nos noticiários dos quatro canais, embora sublinhe que esta tendência diminuiu em relação a 2007. Em reacção às declarações, o director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, considera "natural" a semelhança da agenda mediática, mas recusa a ideia de mimetismo. "A RTP não anda a imitar ninguém, tem marcas distintivas que o relatório da ERC reconhece". E exemplificou com a existência de mais programas informativos, blocos mais curtos e mais notícias internacionais. No que diz respeito à presença de actores políticos nacionais nos principais blocos informativos das três estações, predominam os membros do Governo, com maior representatividade nos operadores privados do que no público: 43,8% no "Telejornal", 50,9% no "Jornal da Noite" e 50% no "Jornal Nacional". Sendo os do PSD os segundos mais representados: 21,2%, 24,2% e 26%, respectivamente. Diminui assim, no caso do principal partido da Oposição, a diferença entre os resultados na RTP e os valores-referência estipulados pela ERC para o operador público. Estrela Serrano, membro da ERC, sublinha que os números deste relatório são diferentes do que foi feito sobre o pluralismo político-partidário, para a RTP, "porque foram considerados outros protagonistas", além dos membros do Governo e dos partidos.
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