Casos que vão marcar o próximo ano também, já que estão todos a ser investigados ou, pelo menos, monitorizados pelo organismo regulador dos media. Um dos mais falados começou em Abril e foi protagonizado pelo primeiro-ministro e pela jornalista Manuela Moura Guedes. Agastado com aquilo que considerava uma linha editorial antagonista do Governo, Sócrates criticou o "Jornal Nacional 6ª", apresentado por Manuela Moura Guedes, chamando-lhe um jornal "travestido". O caso levou a jornalista a interpor um processo contra o primeiro-ministro, mas sobretudo aumentou a visibilidade do confronto. Poucos meses depois Sócrates era acusado de usar a sua influência para suspender o Jornal da TVI. O segundo episódio aconteceu em Junho quando se soube que a Portugal Telecom estava interessada em comprar parte da Media Capital, dona da TVI. Negócio que chamou a atenção porque o Estado mantém uma golden share na PT. Levantadas dúvidas, o Presidente da República pediu explicações e os partidos acusaram o negócio de ser uma forma encapotada de o Governo mudar a linha editorial da TVI. Perante isto, o primeiro-ministro resolveu opor-se ao negócio e a PT acabou por se afastar do negócio da Media Capital, tendo, entretanto, a Ongoing apresentado o seu interesse. Pouco tempo depois, um novo episódio levantou novas dúvidas e protestos. No dia 3 de Setembro, uma quinta-feira, a administração da Media Capital - dona da TVI - anunciou que o "Jornal Nacional" do dia seguinte, sexta-feira - habitualmente apresentado por Manuela Moura Guedes e criticado em Abril por Sócrates - ia ser suspenso. Segundo Manuela Moura Guedes, o noticiário que iria para o ar no dia seguinte incluía novos dados sobre o caso Freeport. Consequências: a direcção do canal demitiu-se, a redacção repudiou o "atentado à liberdade de imprensa", o antigo director-geral da TVI, José Eduardo Moniz, falou em "escândalo", os partidos políticos em "censura" e o presidente da ERC qualificou o caso como "absolutamente inaceitável". Em Novembro passado e apesar de Sócrates negar sempre que tivesse conhecimento do negócio PT/Media Capital, o jornal Sol afirmou que as escutas do processo Face Oculta "provam que o primeiro-ministro faltou deliberadamente à verdade", dando origem à abertura de um processo pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que ainda está a decorrer. Ao mesmo tempo, o organismo regulador abriu um outro processo sobre outra alegada interferência do Governo na comunicação social divulgada pelo director do Sol num artigo publicado pela revista Sábado. A ERC abriu ainda uma investigação ao cumprimento das regras relativas à publicidade do Estado depois de a Sábado ter garantido que havia discriminação por parte do Governo e organismos públicos na distribuição de publicidade a jornais nacionais. Um outro caso marcou ainda o ano. Na sequência da divulgação do relatório anual da ERC sobre o pluralismo político-partidário na RTP, o PSD acusou a televisão pública de estar a ser instrumentalizada pelo Governo e pelo PS e de prosseguir há três anos uma "estratégia de silenciamento" do Partido Social Democrata nos seus noticiários. Embora o ministro dos Assuntos Parlamentares tenha assegurado que o Governo não interfere na informação do serviço público de rádio e televisão, o caso ainda é lembrado por vários partidos, nomeadamente em diversas queixas apresentadas ao regulador contra sobretudo o programa "Prós e Contras".
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