segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

"Festival da Canção" com compositores estrangeiros

Se em tempos idos o Festival tinha como missão catapultar diamantes em bruto para lapidação no universo da música, agora parece que nem tanto. Cantoras com carreira firmada participam nesta edição, o que se deve a convites de produtores estrangeiros. O exemplo mais paradigmático é o de Nucha. Há largos anos que se movimenta nos meandros do mercado musical português e, após ter surpreendido no ano passado com uma proposta de estilo rockeiro no "Festival da Canção", este ano volta a concorrer. E isto, saliente-se, depois de na década de 90 também ter feito parte do espectáculo. Mas afinal, o que a leva a repetir a dose? "Paguei pela língua. Na altura disse: "Deus me livre de tornar a competir". Porém, em Março, recebi um convite de produtores gregos, muito consagrados no âmbito da Eurovisão, sendo que me foi impossível ficar indiferente à música que me apresentaram", justificou. Também Claudisabel, conhecida intérprete de música ligeira, encontra-se na corrida ao Festival. E porquê? Foi-lhe lançado o repto por parte de produtores estrangeiros, que consideraram que a sua "voz se coadunava com o espírito da cantiga", então, abraçou a ideia. Caber-lhe-á, pois, cantar a melodia intitulada "Contra tudo e contra todos". Ora, não deixa de ser curioso que uma "instituição nacional", nas palavras do jornalista da SIC Augusto Madureira quem participa no evento através de dois temas da sua autoria - se veja como que a ser invadido por influências que de lusas nada têm. Nucha que emprestará o seu timbre a "Chuva", por si descrita como uma canção que evoca " o renascer, a essência geral do amor", assegurando ser "100% a favor de novos valores" e argumentando "ter evoluções e desenvolvimentos" que quer mostrar, em última análise, numa tentativa de chamar novos públicos. Além disso, na sua opinião, "o confronto de gerações é interessante". Prossegue: "Pertencemos a um mundo de descartáveis. Aos 40 estamos velhos e aos 20 ainda não temos experiência suficiente. Venho cá para dar força aos que não acreditam". Em seu entender, "a concorrência este ano, embora muito ecléctica, é de peso, fasquia que só torna as coisas mais saudáveis". "Quisemos abrir hipóteses a mais artistas", alega José Poiares, um dos coordendores do certame, no sentido de justificar a existência de duas semifinais. Daí, serem 24 finalistas a concurso. Antes, coube a Tozé Brito, Ramon Galarza e Poiares seleccionar 30 maquetas das cerca de 400 recebidas. Estará a cargo de Sílvia Alberto conduzir as três emissões a partir do Campo Pequeno: as duas meias-finais, a terem lugar nos dias 2 e 4 de Março, e a final, a 6, cuja transmissão será, pela primeira vez, feita em HD (alta definição).
Fonte: JN

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