"Equador" em DVD: ficção nacional ganha prestígio
"Equador" é um passo importante na afirmação do audiovisual português. Conta uma história portuguesa e tem um padrão de qualidade elevado em função do modelo narrativo que segue, oferecendo trabalho a dezenas e dezenas de actores e técnicos. O relato ambienta-se em 1905, quando o rei D. Carlos vê o seu reinado atacado em várias frentes e as colónias a ser cobiçadas por várias potências europeias. É nesse quadro que decide nomear para governador de São Tomé e Príncipe um lisboeta solteiro, sedutor e amante da aventura. Depois da passagem num dos canais de televisão de sinal aberto, aí está a série em DVD, confirmando também a atenção que as editoras nacionais dão ao lançamento do melhor que vai sendo feito em televisão. Para assinar o projecto foi chamado André Cerqueira, experiente realizador brasileiro há vários anos entre nós. "Havia uma expectativa brutal das pessoas e isso colocou-nos um peso nas costas muito maior", começa por admitir. "Eu, como realizador, não podia ter uma visão própria sobre o livro. Não tinha essa liberdade. Tinha de pensar na visão que todas as pessoas que leram o livro tinham", prossegue. Sobre a participação do próprio Miguel Sousa Tavares, esclareceu que o autor leu os guiões todos e aprovou-os. E continua: "Durante as filmagens esteve connosco, até participou como actor. Mostrei-lhe algumas das cenas que íamos filmando e discuti-as com ele. Logicamente, quando partimos ele passou a estar menos envolvido". Num panorama audiovisual sempre em crise e precário do ponto de vista financeiro, a produção de "Equador" foi um verdadeiro milagre. O realizador explica como foi possível. "Acreditando", sintetiza. "Não tendo na cabeça a ideia pré-concebida de que é impossível fazer. Se fôssemos crer no que nos diziam, nunca teríamos arrancado. A maior parte das pessoas dizia-nos que uma série assim só podia ser feita nos Estados Unidos ou em Inglaterra", explica. O realizador brasileiro diz-nos o que aprendeu sobre a História do nosso país, enquanto esteve envolvido no projecto, de que salienta a actualidade. "Aprendi que a História se repete com o passar dos anos. Por mais que as pessoas não queiram que as mudanças aconteçam, como é o caso na história do "Equador", se nós estivermos predispostos a isso, as mudanças podem acontecer", diz. André Cerqueira não esquece o que classifica como "recepção incrível", quando a série passou em episódios, na TVI: "É maravilhoso ver que ainda hoje as pessoas nos falam na rua e dizem que têm tantas saudades daqueles domingos à noite. É maravilhoso deixar essa lembrança. A saudade que ficou da série é muito bonito para nós, que nos dedicámos tanto a ela". E conclui frisando que a série "deixou um marco de qualidade". Mas salienta também que "é importante que quem fizer ficção em Portugal tente fazer sempre melhor. É importante que "Equador" seja superado e que continuemos a crescer como profissionais".Fonte: JN
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