quinta-feira, 13 de maio de 2010

Feministas criticam "Morangos com Açúcar"

Continua o género feminino a ser estereotipado no pequeno ecrã? Para Maria José Magalhães, da UMAR, sim. Aliás, a associação de mulheres a que preside vai responsabilizar a série "Morangos com Açúcar", por banalizar a agressão no seio de um jovem casal. A palavra que mais bem descreve o estado de espírito na UMAR (União Mulheres Alternativa e Resposta), face a um episódio da trama juvenil que foi recentemente para o ar na TVI, é indignação. Afinal, a personagem João Pedro bateu na namorada Paula, sem que daí resultasse qualquer castigo. "É gravíssimo", exclama Maria José Magalhães. "Não podemos cultivar tais comportamentos, com a agravante de saírem impunes numa produção dirigida a adolescentes", sublinha. "Vamos exigir que o canal reponha esse capítulo de "Morangos" e que puna, de forma adequada, o criminoso em potência. Urgem acções de responsabilização e de protecção à vítima", defende a também docente da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto. As diligências para que o conteúdo da estação de Queluz se retracte irão operar-se o mais expeditamente possível", assegura. A imagem "redutora e obsoleta" da mulher enquanto dona de casa, que se limita a tomar conta dos filhos, com um papel passivo na sociedade, perdura, segundo a presidente da UMAR, na ficção em geral, e na portuguesa em particular. "Salvo raras excepções, onde já se observam uns laivos progressistas, não há a preocupação em espelhar a diversidade do sexo feminino", veiculando-se um "cinzentismo" associado ao género, advoga Maria José Magalhães. Fórmulas, receitas, estereótipos e rótulos é o seu entendimento quanto às premissas em que assentam personagens femininas. O que justifica à luz de "uma formação tradicionalista e sexista de quem escreve os guiões". Porém, levanta a hipótese: "Argumentistas mulheres terão outra concepção a este nível do que homens". Patrícia Müller, autora de várias novelas, nomeadamente de "Mar de Paixão", no ar na TVI, não subscreve esta opinião. "Todos nós nos esforçamos por gizar personagens credíveis, sejamos mulheres, ou homens". E esclarece: "O que há, é uma tentativa de colagem à realidade, por forma a gerar identificação com o espectador". Patrícia considera que se verifica uma grande evolução e que cada vez mais "é dada força e poder ao género feminino na TV". Analogamente ao que se passa "na vida real existem pessoas boas e más nas novelas", refutando qualquer teoria de "cliché". Até porque à ficção deverá caber um "fundo moral e não propriamente um fundo moralista", remata.
Fonte: JN

Sem comentários: