Quando Manoel de Oliveira apresentar hoje, quinta feira, à noite "O Estranho Caso de Angélica", na Sala Debussy do renovado Palácio dos Festivais, em Cannes, estará já perto de completar 101 anos… e meio. Seguramente, o mais velho cineasta que alguma vez passou por Cannes, mas sem nunca perder a sua juventude. O que o fez aliás retomar um dos seus velhos projectos, que o antigo regime não deixara concretizar. A acção do filme decorre nos anos 50, quando um fotógrafo a passar uma noite num hotel é convidado pelo proprietário a fotografar a sua filha, acabada de falecer. Nos papéis principais do filme, e também em princípio presentes em Cannes, estarão Ricardo Trepa, neto do realizador e actor recorrente dos seus últimos trabalhos, e a madrilena Pilar López de Ayala, a Joana a Louca do filme de Vicente Aranda e actriz já de algumas produções internacionais, como "A Ponte de Sam Luís Rey". Oliveira não levará para Portugal a Palma de Ouro, já que o seu filme será exibido na secção "Un Certain Regard". Mas este espaço paralelo é de igual modo prestigiante, sendo dedicado a filmes que apresentem, como o seu nome indica, um outro olhar sobre o cinema, e onde o nosso cineasta terá a companhia, entre outros, do quase octogenário Jean-Luc Godard, que levará a Cannes o muito esperado "Film Socialisme". Além de Oliveira e do veterano francês, estarão presentes ainda dois filmes de um dos territórios recentemente mais excitantes em termos de cinema, a Roménia, com os trabalhos mais recentes de Cristi Puiu e de Radu Muntean. Também aqui se privilegia a viragem a Oriente, com a inclusão de títulos do Japão, da Coreia e da China, assinados em alguns casos por autores já consagrados, como Jia Zhangke, Hideo Nakata ou Hong Sangsoo.Fonte: JN
Sem comentários:
Enviar um comentário