As novelas lusas contemplam imagens de cariz sexual mas não cometem excessos. Os cuidados prendem-se com o acesso de toda a família aos conteúdos. Há também quem defenda que não é o erotismo que seduz o espectadores. Ela está de preto. Um vestido curto, apelativo. O quarto é o palco. Ele não resiste e beija-a fogosamente. Pega-lhe ao colo. A receptividade dela percebe-se quando se deixa despir. A lingerie sensual permite adivinhar o que está para suceder. Trata-se de uma passagem da novela "Meu Amor" da TVI, com Clara, interpretada por Sofia Ribeiro, que no YouTube goza de muita popularidade: soma cerca de 35 mil visualizações. Imagens quentes com Inês Castel Branco, em "Vila Faia", ou Carla Chambel na série "Jura" constam também do ranking das mais vistas dentro do género com 16 mil e de 22 mil cliques, respectivamente. Afinal, quais são os limites para que o erotismo possa transpirar na ficção? António Barreira, autor desta novela, frisa que "é um produto transversal, para todas as idades", pelo que "estas cenas não podem ser gratuitas". E prossegue: "A ousadia do guião deve ser justificada, depende do perfil da personagem". Surpreendido por as imagens terem tamanha procura no Youtube, refere que o papel que Sofia Ribeiro veste é "de sedutora nata", admitindo também que muitos possam ter curiosidade pela beleza da actriz. "Tem um corpo lindíssimo, é normal". Barreira refuta a hipótese de este género de envolvimentos ser uma âncora para audiências. "Com tanto cinema e canais descodificados, não acredito que seja por isso que o público vê novelas". Ideia diferente tem o realizador Duarte Teixeira. "Tendo em conta que muitas vezes a vida real tem falhas nesse campo, presumo que estas cenas constituam um bom tónico para a vida de muita gente e por isso captem audiências extra".Duarte fala nas preocupações que alguns actores manifestam face à exposição. Mas para o realizador do remake de "Vila Faia", "a beleza das cenas românticas é indiscutível e deve ser explorada com naturalidade e sentido estético". Teresa Guilherme, mentora de "Jura", para Carnaxide, agora em reposição na SIC Mulher, um dos conteúdos mais arrojados do panorama nacional, refere que este "teve mais fama do que proveito". Recorde-se que o canal foi alvo de um processo instaurado pela ERC a propósito da exibição dos spots promocionais em horário impróprio. "Criou-se um mal entendido", lembrando "Ballet Rose", da RTP, que anos antes ventilara "imagens bem mais picantes". Teresa crê que os portugueses não são tão púdicos quanto é propalado. Recorre à frase "vive e deixa viver" para encaixar a atitude da grande maioria.
Fonte: JN
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