Nascida em Lisboa a 11 de Outubro de 1936, Maria Dulce estudou na Escola Francesa e no conservatório, não tendo terminado os estudos, porque foi escolhida pelo realizador António Lopes Ribeiro para protagonizar o filme "Frei Luís de Sousa", uma adaptação para cinema do texto de Almeida Garrett. Foi em 1950, Maria Dulce tinha 13 anos e deu-se assim a sua entrada na representação. Maria Dulce foi uma das poucas actrizes a conseguir singrar na altura em Espanha, participando em 1951 no filme "La Señora de Fátima", de Rafael Gil, no papel da pastora Jacinta. Nesse mesmo ano, a actriz participou em Lisboa na peça "A Menina do Capuchinho Vermelho", no Teatro Nacional D. Maria II, pela Companhia Rey Colaço Robles Monteiro, mas foi em Espanha que prosseguiu a carreira. O crítico de cinema Jorge Leitão Ramos escreve no Dicionário do Cinema Português que no país vizinho Maria Dulce participou noutros cinco filmes, em várias produções teatrais e foi correspondente das revistas Flama e Estúdio até finais da década de 1950. De acordo com o Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa, Maria Dulce regressou a "Frei Luís de Sousa" em 1969 no Teatro Capitólio, no Parque Mayer, novamente pela mão da Companhia Rey Colaço Robles Monteiro. Maria Dulce fez também teatro de revista em produções como "Que Medo, Senhor Alfredo" (1973), "Dentadinhas na Maçã" (1974), "Mostra-me a Tua... Piscina" (1975) e "Força, Força Camarada Zé" (1975). Ao lado de José Viana, Rogério Paulo, Dora Leal e António Machado, Maria Dulce fundou em 1976 em Almada a Cooperativa de Teatro Popular e fez recitais de poesia em Lisboa e em Angola até aos anos 1980. Passou pelo Grupo de Campolide, pela Casa da Comédia e pelo Teatro Estúdio de Lisboa, mas ficou conhecida, mais recentemente, pelas participações em telenovelas. A mais recente foi "Dei-te Quase Tudo", de 2006, exibida na TVI, que se junta a "Chuva na Areia" (1984), "Passerelle" (1988), "Anjo Selvagem" (2001) e as séries "O Conde de Abranhos" e "Alves dos Reis", assim como pequenas participações em "Conta-me Como Foi" e "Médico de Família". Em 2006, foi editada a biografia "Maria Dulce - A Verdade a Que Tem Direito", escrita por Luciano Reis. Com uma carreira que cruzou teatro independente, revista, cinema e televisão, Maria Dulce lamentou-se com mágoa, em 2009 na revista TV7Dias, por estar em fim de carreira com uma magra reforma e no esquecimento do grande público. No verão passado, Celso Cleto foi buscá-la para um pequeno papel em "Hedda Gabler", de Ibsen, e actualmente Maria Dulce estava a trabalhar para a peça "Sabina Freire", de Manuel Teixeira Gomes, que aquele encenador se prepara para estrear em Oeiras em Outubro. Maria Dulce vivia sozinha e morreu hoje em casa, em Bucelas, poucos meses antes de completar 74 anos.
Fonte: DN
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