O que é a felicidade? O que nos torna felizes, hoje? Poder, sexo, dinheiro? Quatro personagens têm, sobre o assunto, quatro perspectivas completamente diferentes e partilham-nas com o público em "Hamlet da Silva", a peça do espanhol Miguel Morillo que Eduardo Condorcet está a apresentar às quartas-feiras às 22h00 no Teatro Estúdio Mário Viegas, em Lisboa. Formalmente, o texto é uma sequência de monólogos em que as personagens falam, à vez, para o espectador e lhe contam as agruras de um dia particularmente difícil. Um daqueles que todos nós já vivemos, uma ou outra vez. Uma mulher vai a uma entrevista de emprego, mas embebeda-se antes de lá chegar e dá barraca. Um homem sai de manhã para o trabalho e tem um acidente de viação, acabando agredido com um pé de cabra. Um outro – que tudo o que quer é passar despercebido – acaba a fazer a abertura de telejornal, por uma tentativa falhada de suicídio. São os rudimentos de um texto que tem tudo para agradar: actualidade, pertinência, humor, inteligência, e que Eduardo Condorcet transformou num espectáculo a que se assiste com prazer do início ao fim e cuja arma principal são as excelentes interpretações dos actores. Enérgicos e intensos, sem excesso. O encenador – que já tinha levado a peça há cena há alguns anos, no Teatro da Trindade, sempre com casas cheias – achou que se justificava uma reposição, agora com Patrícia Bull ao lado da restante equipa, que se repete: Alexandra Sargento, Augusto Portela e Hugo Sovelas. A certa altura, alguém diz em cena: "De repente percebes que o mundo não tem solução!" Quantos de nós não nos dissemos já o mesmo? Neste espectáculo, porém, encontramos as razões suficientes para rir da desgraça.
Fonte: CM
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