Ainda que com algum desfasamento em relação ao 5 de Outubro, a peça "Vem aí a República" tem estreia marcada para hoje, sábado, às 21h30, no Teatro da Vilarinha, no Porto. Mais do que uma evocação por altura das comemorações do centenário, o espectáculo é o contributo da companhia Pé de Vento para a divulgação do que foram as lutas pelos ideais republicanos iniciadas, no Porto, com a revolução de 31 de Janeiro de 1891. Cabe a Rui Spranger e a Patrícia Queirós o desdobramento em diversas personagens, entre as quais figura a do rei D. Carlos, sobre quem Guerra Junqueiro viria a escrever publicamente o seguinte: "O que é inaudito é que o ventre dum porco esmague uma nação, e dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas". Guerra Junqueiro, Gomes Leal e Alberto Osório de Castro são os principais autores que inspiraram a montagem de textos que está na base do espectáculo, a par de escritos de Ana de Castro Osório, autora do primeiro manifesto feminista português, e de Maria Velleda. Segundo João Luiz, encenador e responsável pela selecção e organização dos textos, o tema em causa pedia uma montagem de textos de vários autores. "A República reúne todos os ingredientes: a implantação da República e os 19 anos desde o 31 de Janeiro até 1910, sobretudo em termos do Porto. Há 19 anos que reúnem todo o paradoxo que foi a República, todo o paradoxo que foi o século XX e todo o paradoxo, se quisermos, da situação actual", comentou. A peça desenvolve-se num cenário em que não falta uma varanda a simbolizar "a varanda de onde foram feitas todas as grandes proclamações", como refere João Luiz. Em cena até 29 deste mês.
Fonte: JN
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