quinta-feira, 15 de julho de 2010

Isabel Abreu protagoniza "Noite Sangrenta" da RTP1

Berta da Maia. Raros serão aqueles para quem este nome é familiar, mas foi ela que abriu a caixa de Pandora de um capítulo de suma importância para o país e que o poder político blindou. A série "Noite Sangrenta", para a RTP, baseia-se no seu testemunho literário. Assim que o réu se senta, refutando a acusação, solta-se um grito feminino, de revolta, que promete vingar a morte do marido, assassinado num massacre, na noite que vaticinou o fim da Primeira República. Entrando no Tribunal Militar de Lisboa, ontem à tarde, facilmente se embarcava numa viagem no tempo até à década de 20 do século passado. Alguns figurantes, fatigados pelo calor, a dormir, em recantos, deixavam transparecer tratarem-se de gravações de uma ficção de época, por sinal, inserida num projecto da RTP em virtude das comemorações do centenário da República. Mas "Noite Sangrenta" escapa ao mais óbvio. Não versa a implantação, antes o óbito de um ideal político, aqui personificado pela mulher de um dos heróis do 5 de Outubro de 1910. Isabel Abreu veste Berta da Maia, figura à frente do seu tempo, à qual não tivera ainda sido feita justiça. "À semelhança de 90% dos portugueses, não tinha ideia deste acontecimento", referiu a actriz. "Os meandros políticos daquele tempo são aqui retratados", e o mais curioso é que se podem estabelecer "paralelismos com o que sucede agora", prosseguiu. Uma investigação por conta própria que, mais tarde veio a deixar escrita em livro: A grande fonte de inspiração para a narrativa. "Tentei criar a minha própria Berta. O livro transmitia auto-comiseração, fado", por força, talvez, dos recursos estilísticos da época, que "não eram interessantes para a personagem", sublinhou. O guião de "Noite Sangrenta" pertence a Tiago Rodrigues. "Golpe moral" e "perda da inocência e da pureza ideológica", foram os termos por si usados para descrever este momento histórico que acabou por estender a passadeira para a ditadura do Estado Novo. A série, gizada por Fernando Vendrell, tem a realização a cargo de Tiago Guedes e de Frederico Serra. Nuno Lopes e Gonçalo Waddington integram o elenco.
Fonte: JN

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