"A Maria Dulce foi uma estrela do teatro de revista e sobretudo do cinema. Ela fez filmes extraordinários. Estreou-se como actriz no "Frei Luís de Sousa" ainda muito nova, com 12 anos. O seu nome ficará sempre ligado ao cinema português e também ao teatro ligeiro. Ela, comigo, fez, na Casa da Comédia, o "Faz Tudo, Faz Tudo, Faz Tudo" – que foi uma peça memorável em que ela fazia um papel extraordinário – e fez na televisão comigo também a "Grande Noite", disse o encenador à agência Lusa. "Era uma actriz excelente, uma chamada vedeta de revista – isto, no bom sentido – uma mulher lindíssima, com uns olhos verdes fascinantes e com uma voz que prendia o público. É pena que esse teatro esteja tão decadente, porque ela foi um bocadinho vítima do declínio do teatro em que ela era uma estrela absoluta". Filipe La Féria classificou ainda Maria Dulce como "uma actriz versátil", que fez "desde teatro de revista ao teatro clássico", no Teatro Nacional D. Maria II, na Companhia Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro. Na sua opinião, a memória dela "ficará muito presa ao cinema, sobretudo à Maria de Noronha que ela faz fantasticamente no "Frei Luís de Sousa" do António Lopes Ribeiro". O encenador referiu ainda o facto de a actriz ter também feito "muita televisão" e sublinhou que "era uma actriz de primeiro plano" e "uma mulher lindíssima": "Trata-se de uma grande actriz que desaparece, infelizmente muito esquecida quer pelo público, quer pelos responsáveis pela cultura. Não era uma segunda figura, mas uma primeira figura do teatro português, fez trabalhos fantásticos. Se fosse inglesa, era uma dame. Aqui não, aqui morreu pobremente, com dificuldades, e esquecida por todos. É muito o espírito português, infelizmente. Em Portugal, as pessoas são muito esquecidas e maltratadas. Só quando morrem é que se lembram delas... Isso deixa-me triste, deixa-me muito triste".
Fonte: Público
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