A Entidade Reguladora para a Comunicação Social reprovou esta sexta-feira a mediatização conferida a Carlos Cruz pela generalidade dos órgãos de comunicação social, em particular a RTP por esta lhe ter concedido "lugar de especial destaque, e mesmo protagonismo". Em comunicado, o Conselho Regulador da ERC afirma estar preocupado com a situação, reprovando a mediatização conferida assim como o protagonismo dado pela RTP em pelo menos três dos seus programas de informação. "Sem colocar em causa os princípios consagrados na Constituição e na Lei sobre a liberdade de imprensa - antes os reafirmando -, o Conselho Regulador recorda as especiais resposabilidades do serviço público de televisão no cumprimento dos princípios éticos e deontológicos do jornalismo e no respeito pelas decisões dos tribunais num Estado de Direito", lê-se no documento. No entender da ERC, a invocação da liberdade de informar e de livre determinação de critérios editoriais não deve "servir, ainda que de forma involuntária, para transmitir convicções próprias ou para uma procura de audiências a qualquer custo, com prejuízo do equilíbrio, isenção e imparcialidade a que está, de modo reforçado, obrigado o serviço público de televisão". Segundo o Conselho Regulador da ERC, na sequência da sentença do tribunal de primeira instância sobre o processo "Casa Pia", "têm-se sucedido na imprensa, rádio e televisão, entrevistas a alguns dos acusados, em desrespeito, por vezes grosseiro, pelo princípio do equilíbrio, da equidistância e da igualdade de tratamento de todos os agentes envolvidos no processo". Embora tendo presente o impacto mediático do processo, a ERC chama a atenção "para o facto de que os órgãos de comunicação social estão obrigados a informar de modo isento e com um mínimo de distanciamento, para mais a respeito de uma temática de tão especial sensibilidade como a que foi tratada no processo "Casa Pia"." Relativamente a esta matéria, também o provedor do telespectador da RTP divulgou na quinta-feira uma opinião sobre o julgamento e sentença do "Caso Casa Pia". Paquete de Oliveira, que se mantém em funções até nomeação de outro provedor, refere que tem recebido dezenas de mensagens a protestar contra a forma como a RTP tem tratado a notícia do julgamento e sentença do caso, em particular porque entendem os telespetadores estar a ser dado um "tratamento preferencial" de defesa perante a opinião pública a Carlos Cruz, antigo profissional desta empresa.
Fonte: JN
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