Há oito anos, Ruy de Carvalho foi despedido do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Hoje, aos 82 anos, regressa a este mesmo espaço interpretando um velho actor decadente, em "O Camareiro". A peça, de Ronald Harwood, com encenação de João Mota, abre, a partir das 21h30, a temporada do TNDMII. É uma das grandes apostas do actual director artístico do teatro, Diogo Infante. Neste espectáculo, Ruy de Carvalho é Sir Donald Wolfit, considerado um dos maiores actores shakespearianos, que luta para conseguir manter a sanidade enquanto completa a 227ª representação da peça "O Rei Lear". Norman (o actor Virgílio Castelo) é o seu devotado camareiro, que, além de o vestir e assistir em todas as situações, ainda tem de suportar a ira do patrão e convencê-lo a representar uma vez mais. Esta co produção do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro da Comuna é um olhar sobre os bastidores do teatro e as relações humanas em palco, magistralmente condensada numa das frases do Sir, a personagem desempenhada por Ruy de Carvalho. Baseada na vida de Sir Donald Wolfit, a história remonta a 1942 e às andanças de uma companhia de teatro em plena II Guerra Mundial. A peça, recorde-se, foi adaptada ao cinema em 1983, com o título "O Amigo" e com realização de Peter Yates. Os papéis principais foram, então, entregues a Albert Finney e Tom Courtney. O argumentista foi o mesmo Ron Howard que, posteriormente, assinaria também o argumento de "O Pianista". Homenageado na edição deste ano do Festival Internacional de Teatro de Almada, Ruy de Carvalho, cuja longa carreira lhe valeu vários prémios e distinções, cumpriu em 1998 um sonho antigo, subindo ao palco pela mão do encenador Richard Cotrell como "Rei Lear", peça integrada nas comemorações dos 150 anos do Teatro Nacional D. Maria II e dos 50 anos da sua carreira de actor. A peça ficará em cena até 25 de Outubro e pode ser vista, de quarta-feira a sábado, às 21h30 e, ao domingo, às 16 horas. Os bilhetes custam entre 7,5 e 16 euros.
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