José Rodrigues dos Santos liderou vendas de livros
Não era para menos, pois o tema que aborda está consecutivamente nas páginas da imprensa e nos ecrãs de televisão: o terrorismo. Depois de um romance cor de rosa, "A Vida Num Sopro", que já lhe dera o primeiro lugar nas vendas em 2008, a aventura protagonizada pelo seu herói Tomás de Noronha varreu e devastou novamente as tabelas de vendas de livros mal foi posto à venda. O autor, é sabido, prepara bem os seus lançamentos e desta vez até trouxe a Portugal um ex-operacional da Al-Qaeda para apresentar o thriller. Com capas de revistas, artigos e entrevistas sucessivas, José Rodrigues de Santos catalisou a procura de um livro que tem muita acção e, em poucos dias, o resultado foi o previsto ao atingir imediatamente o primeiro lugar nas vendas durante os últimos meses de 2009. A receita do autor editado pela Gradiva é simples. Capítulos curtos, um argumento em que a velocidade dos acontecimentos impera e a descodificação de uma temática sobre a qual todos pensam saber muito, mas que a pesquisa de Rodrigues dos Santos prova que desconhecem quase tudo. Em a "Fúria Divina", o Alcorão é a estrela da companhia e os personagens gravitam em torno das palavras do profeta. A acção do volume salta nervosamente de versículo em versículo e serve os propósitos contemporâneos do islão e da reacção dos países ocidentais, vítimas das sentenças de um livro sagrado em que não se perdoam os infiéis e a "guerra santa" é um objectivo histórico. Ao juntar o medo que o Ocidente vive sob a ameaça do terrorismo de inspiração islâmica com a fundamentação desse receio nas próprias palavras escritas no Alcorão, o autor credibiza a sua história e gera uma situação muito curiosa, a de muitos leitores terem tido, finalmente, acesso aos ensinamentos sagrados dos muçulmanos explicados por alguém que os estudou e transformou em literatura. Não é por acaso que, a seguir ao "Codex", este "Fúria Divina" é o livro mais bem sucedido de José Rodrigues dos Santos. E, com um trunfo inesperado, o de ter batido nas vendas o mago do thriller que é Dan Brown. Essa terá sido para o português a melhor prenda deste Natal de 2009, porque ultrapassar nas vendas o autor norte-americano era tarefa ainda impossível para todos os escritores nacionais. Estaria ao alcance de Miguel Sousa Tavares, que ficou em segundo lugar da lista dos bestsellers de autores portugueses, e de José Saramago, este ano em terceiro lugar, mas dificilmente outro teria essa hipótese. Confirmou-se essa possibilidade com o quase romance "No Teu Deserto", de Sousa Tavares, que teve uma carreira fulgurante. Iniciou-se com uma tiragem de 100 mil, que esgotou em três semanas, e convenceu os leitores, mesmo não sendo uma obra de fôlego, como aconteceu com "Equador" e "Rio das Flores". Quanto a José Saramago, o polémico "Caim" foi o livro que mais brado deu em 2009 e que mais tinta e palavras fez correr em textos e comentários nas semanas que se sucederam ao seu lançamento. As farpas lançadas contra a Igreja na sessão de apresentação do livro sur- preenderam até o próprio autor, que foi obrigado a promover - e defender - o livro de um modo inesperado até para o Prémio Nobel. Em quarto lugar, ficou Margarida Rebelo Pinto com o seu último romance, superando todos as edições que concorrem no seu segmento e o que mais foi publicado nos restantes no último trimestre. O novo livro de António Lobo Antunes, um inesperado regresso às narrativas de outros tempos com o jacto inspirativo da actualidade, superou em muito os números de um autor que se enquadra na categoria longseller. O seu irmão, Nuno Lobo Antunes, ficou logo atrás com o segundo livro publicado. Crónicas e histórias da vida de um médico que recuperam, à sua maneira, uma nostálgica escrita de um dos autores de maior sucesso em Portugal nos anos 70, o escritor Fernando Namora.Fonte: DN
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