segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dança volta a estar em destaque na televisão

Pouco depois de o programa "Dança Comigo" se ter estreado na RTP1, começaram a aparecer na Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo, em Lisboa, várias pessoas a perguntar pelas aulas de dança salão. "As pessoas vinham muito entusiasmadas mas ao fim de dois dias já queriam estar a dançar como os profissionais. Na televisão parece fácil", conta Alberto Rodrigues, um dos responsáveis pela Academia de Dança dos Alunos de Apolo. Tal como, nos anos 80, "Fame" (filme e série) e a novela brasileira "Baila Comigo" (com Betty Faria) foram responsáveis pela proliferação de academias de dança jazz, com meninas de maillot e fita no cabelo, também os concursos de dança que têm passado na televisão portuguesa nos últimos anos chamaram a atenção do grande público para géneros que estavam um pouco fora de moda, como a valsa ou o tango. "Achas Que Sabes Dançar", que estreou na SIC, quer ir um pouco mais além, tanto nos géneros a mostrar como na qualidade dos intérpretes. Aqui não há famosos a mostrarem as suas habilidades mas, antes, bailarinos de facto, com experiência e técnica que serão postos à prova a dançar hip hop, cha cha cha ou bailado contemporâneo. Quem vê o formato americano "So Do You Think You Can Dance?" (Fox Life) fica normalmente fascinado com o nível dos intérpretes e das coreografias ali apresentadas. "Mas aquilo são os Estados Unidos", sublinha o coreógrafo Paulo Jesus, habituado a trabalhar em televisão. Lá, há um "mercado imenso" de bailarinos habituado a, por exemplo, fazerem espectáculos musicais. "O ecletismo é essencial neste concurso. E também para a carreira, quanto mais técnicas se dominar melhor", sublinha. "Estes programas podem ser interessantes na medida em que levam às pessoas o mundo da expressão física e da arte do corpo", afirma o director da Companhia Nacional de Bailado, Vasco Wellencamp. "Claro que a dança enquanto espectáculo é outra coisa, mas pode e despertar a curiosidades das pessoas." Mas alerta: "Existe um risco nestes programas que é o chamamento muito imediato para o virtuosismo de cada um. Assim como num programa com cantores, os espectadores ficam encantado com a voz de um cantor lírico", diz Wellencamp. E saber dançar é mais do que esse virtuosismo das piruetas e das esparregatas. Por isso, o coreógrafo chama ainda a atenção para a importância do júri, que deverá ter um papel pedagógico, destrinçando entre o que é de facto de qualidade e aquilo que, mesmo que para o olhar comum pareça muito bom, possa ser banal. "Muita gente acha que sabe dançar", diz Alberto Rodrigues. "Mas isso é só até lhe começarem a doer as pernas."
Fonte: DN

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