segunda-feira, 10 de maio de 2010

TV e moda de mão dada

Estilistas nacionais reconhecem importância da televisão para ditar e divulgar tendências. Roupas assinadas por designers e conteúdos televisivos são cada vez menos indissociáveis no que toca à colecta de ideias parte a parte. E à semelhança do que se observa no estrangeiro, onde é prática comum, por cá vão-se dando passos na influência mútua. Personagens de novelas ou de séries, vestidas por estilistas de renome, por um lado. Indumentárias e adereços, com assinaturas de criadores de moda que se baseiam em conceitos de enredos, ou papéis, residentes no pequeno ecrã, por outro. Quem não se recorda ainda da febre dos cortes de cabelo à "Morangos com Açúcar"? Esta correlação entre os meandros da moda e da ficção é certificada por alguns 'designers' portugueses. Anabela Baldaque diz que a televisão "consegue impor tendências". Ela própria admite que já colheu sugestões, por exemplo, do imaginário de um realizador, para uma colecção "inspirada por mulheres sedutoras e perigosas, com acessórios surrealistas", a que chamou mesmo "Heroínas de Hitchcock", tendo participado também no guarda roupa do filme "Espelho Mágico" da autoria do mestre Manuel de Oliveira. Releve-se o que sucedeu na novela "Meu Amor" da TVI, onde a nortenha Katty Xiomara, contribuiu com a sua colecção para as vestes da personagem interpretada por Margarida Marinho que é, na trama da estação de Queluz, uma designer de tarimba, cujo ateliê é uma colagem do de Xiomara. Embora tenha "recebido imensos convites" análogos, o estilista do Porto, Miguel Vieira, viu-se "obrigado a decliná-los em função da escassez de tempo". Relativamente ao papel que a televisão desempenha na divulgação das criações de moda, este diz: "Internacionalmente acontece mais do que em Portugal". Lá fora verifica-se ainda outro fenómeno. Atente-se ao caso da série "Mad Man", que serviu de musa instigadora a Michael Kors para uma das suas colecções. "O pequeno ecrã pode, efectivamente, ter uma tarefa importante", afirma Vieira. E Alexandra Moura corrobora. "É perfeito que a televisão catapulte o trabalho dos 'designers', e vice-versa". "Há imensos criadores inspirados por personagens, e não tento pelas séries em si", faz notar Alexandra, acrescentando que "há muitas séries com pessoas incríveis a nível de look e de história as quais apetece vestir". Reportando a intrigas como "Gossip Girl", "Betty Feia", "Lipstick Jungle", ou "The OC", sendo que todas elas repescam, de uma ou outra forma, a moda como fio condutor, depressa se percebe onde quer Alexandra chegar. Aliás, "Gossip Girl" conseguiu ressuscitar e impor a tendência das bandoletas. Também Miguel Vieira subscreve as influências que determinadas produções podem ter nos corredores da moda. "Talvez não na totalidade, mas através da música, cenários, ou até fotografia". Por outro lado, no Brasil, onde as novelas desempenham uma tarefa primordial na vida do público, há casos de actrizes que tomaram como referência para as suas personagens looks de estrelas internacionais ligadas à moda. Em "Duas Caras", da Globo, Suzana Vieira inspirou-se em Donatella Versace, enquanto que Alinne Moraes decalcou a imagem da actriz Anne Hathaway usada no filme "O Diabo Veste Prada". No entender de Luís Buchinho, "está implícito, que a televisão, cujo trabalho é dirigido às massas, influencie a moda, uma vez que as tendências para ganharem estatuto têm de ser massificadas". Não obstante, acredita que a divulgação de criadores através do pequeno ecrã pode ser determinante para o lançamento de uma carreira. "Convém é que a proposta seja fashion, como a de Manolo Blahnik em "O Sexo e a Cidade".
Fonte: JN

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