sábado, 31 de julho de 2010

Família e amigos unidos no tributo a António Feio

Dezenas de familiares e amigos estiveram ontem no Palácio Galveias, em Lisboa, para prestarem homenagem a António Feio, que ali se encontra em câmara ardente. O funeral do actor e encenador teve lugar hoje, pelas 16 horas, no cemitério dos Olivais. O cortejo fúnebre partiu do Palácio Galveias, junto ao Campo Pequeno, onde o corpo se encontra, desde as 18h30 horas de ontem em câmara ardente, para o cemitério dos Olivais. Ao final da tarde de ontem, largas dezenas de familiares, amigos e personalidades da cultura, passaram pelo Palácio Galveias. Nomes como Ruy de Carvalho, a fadista Mariza, Victor Espadinha, Rogério Samora, Nuno Melo, Rui Veloso, Alexandra Lencastre, Bruno Nogueira ou Miguel Guilherme foram alguns dos amigos presentes. "Neste momento só quero estar a recordar o bom humor que ele tinha", afirmou, à entrada, o seu companheiro da "Conversas da Treta", José Pedro Gomes. "Ele continua aqui connosco", prosseguiu o actor, afirmando que António Feio "foi só um bocadinho mais à frente para tratar das coisas para quando nós formos ter com ele". "Falei com ele há pouco tempo e eu tinha a esperança de que as coisas tivessem um desfecho pelo menos mais prolongado no tempo, não estava à espera que esta doença tivesse um desfecho tão rápido", lamentou, por seu turno, um emocionado Virgílio Castelo. "Ele venceu a doença no sentido de a ter enfrentado sempre com sentido de humor e sempre acreditando mas ao mesmo tempo com uma lucidez imensa de que é a lei da vida e que temos que ir de alguma forma", apontou, por seu turno, a actriz Maria Rueff, recordando "um companheiro bastante divertido com uma capacidade de relativizar a dor e as pequeninas tragédias da vida". A actriz sublinhou "essa traquinice que ele tinha de levar o colega a desmanchar a rir", considerando que António Feio continuava, aos 55 anos, "a ser uma criança grande". "Trabalhar com ele era uma enorme festa e prazer", rematou. O actor Ruy de Carvalho preferiu salientar a "grande dignidade e coragem" de alguém que considerava "um filho". "A melhor homenagem que lhe podemos prestar", disse, minutos depois, o actor Victor de Sousa, "é gostarmos uns dos outros". "Esqueçam a minha doença. Parem para pensar", esta foi a última mensagem que o actor colocou na sua página pessoal no Facebook. Fê-lo pela última vez na madrugada do passado dia 17. Ontem, cerca das 15 horas, poderia ler-se uma mensagem da família agradecendo "o apoio incondicional" dos fãs do actor e informando os mesmos da oportunidade de uma última homenagem no Palácio Galveias, ou no acompanhamento do cortejo fúnebre que sairá deste espaço, por volta das 16 horas, em direcção ao cemitério dos Olivais. Para a história fica a lembrança de um artista talentoso que fez rir milhões e que, confrontado, há pouco mais de um ano com o facto de ter um cancro no pâncreas, fez do humor uma arma contra a doença. "Estou cá para dar cabo do bicho." Foi com estas palavras, ditas em directo na SIC, no dia 23 de Abril de 2009, que António Feio se referiu pela primeira vez publicamente. Durante todo o tempo em que lutou contra a doença, chegou a fazer tratamentos do estrangeiro, o humor foi sempre a sua arma. Contra a opinião dos médicos continuou a trabalhar. A sua última encenação foi para o espectáculo "Vai-se Andando", protagonizado por José Pedro Gomes, o amigo com quem partilhou inúmeros palcos e inúmeros êxitos de bilheteira, com destaque para o incontornável "Conversa da Treta". "O humor tem ajudado e essa é a minha grande arma. Se pudesse, matava o bicho a rir", confessou na mesma entrevista à SIC. Internado há mais de uma semana no hospital da Luz, em Lisboa, depois de, no mês passado, ter iniciado mais um ciclo de tratamentos com quimioterapia, António Feio acabou por falecer anteontem pelas 23h25, rodeado pela família (incluindo os quatro filhos - Sara, Bárbara, Kiki e Filipe) e amigos próximos. De acordo com fonte familiar o actor manteve a boa disposição até ao fim. "Se há coisa que costumo dizer é: aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento e não deixem nada por dizer, nada por fazer ", escreveu há tempos no Facebook. E honrar esse optimismo e persistência será a melhor forma de o homenagearmos.
Fonte: JN

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