sábado, 31 de julho de 2010

Ficções para o centenário da república saem caras à RTP

Têm em comum o tema, a linguagem cinematográfica, e vão viver na mesma grelha, mas são narrativas isoladas. As quatro produções encomendadas pela RTP para celebrar os 100 anos da Implantação da República implicaram um esforço financeiro sem precedentes. A refeição ligeira está disposta na mesa. As vestes, loiças e sobretudo a tertúlia que se desencadeia entre os presentes desde logo denuncia que a acção se passa em tempos idos. Estamos em Maio de 1910, mas mais do que por causa de política, a convulsão social desencadeada deve-se à passagem do cometa Halley que, à qual está adstrito o vatícinio de exterminar inexoravelmente o planeta Terra. Trata-se de um breve trecho no contexto das gravações de "A Noite do Fim do Mundo", intriga de dois episódios assegurada pela produtora nortenha Hop para a estação pública. Uma espécie de crónica de costumes dos derradeiros suspiros da monarquia no país, contada pela lente de uma só câmara, como se cinema fosse, que se insere num ambicioso projecto da RTP em virtude do centenário da República. "O Segredo de Miguel Zuzarte", cuja produção está também a cargo da Hop, "República", assinada por Jorge Paixão da Costa, e "Segredo da República", dirigida por Tiago Guedes, completam o leque de ficções comissariadas pela estação pública, naquela que se verifica ser a sua maior injecção de capital nesta área, segundo fez saber Maria de São José Ribeiro, directora-adjunta de Programas. Sem, no entanto, avançar com números, a responsável adiantou que "é possível que o FICA (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual) venha a financiar" uma fatia do investimento assumido já pela RTP perante as produtoras independentes. "Evento televisivo" é como São José classifica o conjunto de conteúdos que "embora tratem o mesmo assunto, o fazem de forma autónoma", assegurou. Não há, a título de exemplo, intercâmbio de actores entre as séries. Se uma remete para tempos que precedem o dia 5 de Outubro de 1910, outra relata a noite em que a coroa portuguesa caiu com o máximo rigor histórico, ainda que centrada numa personagem fictícia que acaba por tipificar as teias da sociedade de então. Temos ainda uma trama que se reporta aos dias imediatamente a seguir à Implantação da República, e por fim outra que viaja até à década de 20. São olhares e estéticas particulares sobre um único assunto, mas às quais não foram colocados tectos ou barreiras conceptuais. A directora-adjunta foi categórica em afirmar que esta aposta terá sempre retorno, até porque comporta "fins didácticos e pedagógicos", enaltecendo ainda o "fantástico elenco". Diogo Infante, Ana Nave, Joaquim de Almeida, Nuno Lopes, Isabel Abreu, ou Ivo Canelas são alguns rostos que a integram. No fundo trata-se, pois, de um legado que ficará para a posterioridade, equacionando-se a hipótese do seu registo complementar em suporte de DVD. Saliente-se que todas estas obras estão a ser filmadas em alta definição. No que toca à estratégia de exibição das minisséries, São José revelou que irão para o ar nos fins de semana de Outubro próximo, em horário nobre. A "República" está consignada a honra de viver na antena no dia do centenário.
Fonte: JN

Sem comentários: