quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Fátima Lopes deixa buraco na SIC

Foi a contratação do ano no mercado televisivo. A entrada de Fátima Lopes na TVI é uma prova de vitalidade da estação e vai reforçar o seu curto leque de apresentadores. A SIC fica a braços com um problema: como substituir uma das suas caras mais populares? Num ponto, os profissionais e críticos de televisão contactados são unânimes: a SIC perde, e muito, com a saída de Fátima Lopes. "A Fátima era o rosto mais popular da SIC", diz Manuel Luís Goucha - com quem a apresentadora já disse estar ansiosa por trabalhar na TVI - lembrando, no entanto, que "não há pessoas insubstituíveis". "Quando saí da RTP, o programa que eu fazia passou por uma travessia no deserto mas não perdeu nada", exemplifica. Teresa Guilherme considera que "a SIC ficou claramente a perder", mas defende que "uma televisão não depende de um apresentador" e resta agora procurar quem substitua Fátima Lopes. Emídio Rangel duvida que essa seja uma tarefa fácil. "Não estou a ver quem, na SIC, esteja em condições de a substituir com a mesma eficácia", diz o homem que lançou Fátima Lopes no mundo televisivo, em 1994, quando ocupava o cargo de director-geral da estação de Carnaxide. Além do atractivo de mudar para o líder de audiências, Fátima Lopes vai reforçar o seu vencimento na TVI - fala-se num ordenado de 30 a 40 mil euros, perto do triplo do que ganhava na SIC. Além disso, a apresentadora tem dado a entender que pretende conduzir programas distintos daqueles que têm marcado o seu percurso nos últimos anos, apesar de nem ela nem a estação terem ainda avançado qual o projecto que lhe está destinado a partir de Setembro. "Eu sei que a TVI teve o cuidado de me dar a oportunidade de variar o meu registo", disse Fátima Lopes numa entrevista. A mudança de casa pode ser estimulante por si só, na óptica de Manuel Luís Goucha, Emídio Rangel e Teresa Guilherme. "Ela precisava de uma sacudidela na carreira", diz Rangel, "a partir de determinada altura, criam-se rotinas prejudiciais para o próprio profissional". Mais cáustico é Herman José, que acusa a SIC de não ter, de há uns anos para cá, "uma política de solidariedades e afectos". "Imagino que o que a Fátima sentiu na SIC terá sido o mesmo do que eu, e não é estagnação. Antes abandono e desinteresse", assegura. Mais céptico relativamente a estas trocas de estações é o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, que considera que "a mudança é muito sobrevalorizada em Portugal". "Há quantos anos é que a Oprah ou o Jay Leno fazem a mesma coisa? Se a pessoa faz bem aquilo que faz, por que tem de mudar?", questiona o comentador. As opiniões dividem-se quanto ao programa ideal para Fátima Lopes - há quem defenda que a melhor Fátima é mesmo a dos talk-shows do daytime, e quem, como Teresa Guilherme, gostasse de a ver à frente de um concurso. Os restantes concordam com Eduardo Cintra Torres, quando diz que "tudo o que sejam géneros dentro do entretenimento ela já provou que sabe fazer". Noutro aspecto, as opiniões são unânimes: nos espectadores ninguém manda e Fátima Lopes não conseguirá transpor automaticamente o "seu" público para a TVI. No entanto, a apresentadora tem todas as condições para se sair bem em Queluz, desde que os programas sejam boas apostas.
Fonte: JN

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