segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O drama de não ter trabalho

Florbela Queirós surpreendeu há mais de uma década quando publicou um anúncio nos jornais a pedir trabalho como actriz. Garante que nunca lhe faltou nada, só mesmo convites para representar. Por isso, quando leu um livro sobre as histórias mais curiosas de Hollywood, decidiu copiar aquilo que Bette Davis fizera. "Gastei 150 contos nos jornais e fui de férias para Cuba. Quando cheguei, caiu-me o Carmo e a Trindade em cima", lembra-se. "O que eu queria era trabalho, mas não era por razões económicas. Toda a vida me soube organizar e, graças a Deus, nunca me faltou nada", diz, sem saber explicar porque é que uma actriz com o Conservatório e 36 anos "seguidinhos" de trabalho, se vê, de repente, sem projectos na representação. Já a ensaiar o espectáculo de revista "Vai de m@il a pior", que marca o seu regresso ao género após 14 anos, Florbela Queirós assume os nervos. "Tenho muito medo do que possa acontecer. Sou uma pessoa consciente, e penso se ainda consigo fazer, se ainda me lembro de como é...", admite. O anúncio da década de 90 foi uma brincadeira e um alerta, como Vítor Espadinha já fizera nos anos 60, por duas vezes. Na primeira, foi para o Rossio vestido de mendigo dar comida aos pombos, como protesto à censura que sentia na rádio. Na segunda, fez uma espécie de greve de fome enquanto dava voltas ao quarteirão do antigo Monumental, em protesto pela falta de trabalho. "Teve muito impacto na altura. Os jornais A República e Diário de Lisboa é que fizeram muito barulho com isso, e este último até deu primeira página", lembra. E valeu a pena. "No dia a seguir comecei a trabalhar com a Eunice Muñoz e o Ruy de Carvalho no Villaret", conta, lembrando que estava há meses sem trabalho.
Fonte: DN

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