A TVI admite que quer resolver a situação de Manuela Moura Guedes, de baixa há 11 meses, após a suspensão do "Jornal Nacional 6ª" pela administração e consequente pedido de demissão do cargo de subdirectora de informação. "Tem havido contactos entre representantes de ambas as partes e tem havido progressos. Há-de haver, em breve, uma solução satisfatória", diz João Cotrim de Figueiredo, director geral da estação. Esta é a primeira vez que um responsável assume com todas as letras que a TVI está a tentar resolver o caso e acontece um dia depois de Manuela Moura Guedes dizer que nunca falou com ninguém da estação para tentar um acordo quanto à sua rescisão. Mas a jornalista garante que não mentiu na entrevista publicada ontem. "Tenho uma verba na cabeça pela qual eu saio. Ou eles aceitam ou não aceitam. Para mim, isso não são negociações", explica. Do tal valor que tem na cabeça não quer falar, mas na entrevista Manuela Moura Guedes admitira que um milhão de euros seria "uma coisa mais aceitável" do que os 600 mil avançados pela revista TV Guia. "Se me oferecerem um milhão de euros eu saio", afirmara. João Cotrim de Figueiredo, que chegou à TVI em meados de Abril, já o caso Manuela Moura Guedes decorria, também se recusa a falar de números, mas garante que "não há sentido nesses valores". A jornalista, por seu lado, afirma que nem quer saber o teor das conversas do seu advogado com a TVI. "Ele só me transmitirá aquilo que vale a pena", salienta. Ou seja, quando a estação lhe propuser o tal valor que ela tem na cabeça. Um verdadeiro braço de ferro que pode deitar por terra o objectivo da TVI de encontrar "conclusões satisfatórias" para breve. E se assim for, Manuela Moura Guedes poderá regressar à estação já no próximo mês, uma vez que é essa a sua intenção mal tenha autorização do médico que a acompanha. De baixa há quase um ano, a jornalista tem feito várias críticas à informação da TVI e ao seu director. "O Júlio Magalhães é um óptimo enterteiner. Não é um jornalista", afirmou na entrevista de ontem, na qual também defendeu que a informação da estação perdeu a credibilidade e que se fixa apenas nas questões de agenda e nos fait-divers. "Acho que não devo comentar opiniões de pessoas individuais", reage Cotrim de Figueiredo. E afasta a hipótese de avançar para um processo disciplinar contra Moura Guedes pelos comentários que tem feito. "Não ponho esse cenário. Acredito que haverá conclusões satisfatórias", repete. A jornalista, por seu lado, acha que não há razões para ter um processo. "Não fui incorrecta. Só fiz uma apreciação", defende. Júlio Magalhães, que se encontra de férias, recusou-se a fazer comentários sobre o assunto. Nos últimos 11 meses, a ex-subdirectora de informação do canal falou publicamente várias vezes sobre o fim do "Jornal Nacional 6ª", numa comissão de inquérito da Assembleia da República e na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), ambas com vista a apurar se tinha havido ingerência do poder política na decisão de suspender o noticiário. A ERC deliberou no final de Julho que não estava demonstrado que a decisão da administração se devesse a interferência do poder político. No entanto, o organismo admitiu que "o peso e impacto das reacções públicas de crítica" por parte de responsáveis do PS foi um dos factores que esteve na origem da decisão. Além de Manuela Moura Guedes, também José Eduardo Moniz, seu marido e antigo directo geral da TVI, de onde saiu há um ano, tem criticado alguns dos responsáveis da estação e suas decisões numa crónica semanal que tem no Diário Económico, jornal que pertence à Ongoing Media, de que é vice-presidente.
Fonte: DN
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