sábado, 11 de setembro de 2010

Os que nasceram na TV para cantar

Desde que "Chuva de Estrelas" se tornou num dos programas mais vistos da SIC, logo no arranque em 1993, tanto o canal de Francisco Pinto Balsemão como a RTP (mais tarde a TVI) se têm empenhado em apresentar programas em que é dada a oportunidade a novas vozes de se relevarem ao grande público. No entanto, e ao contrário do que acontece em mercados como o britânico e o americano, poucos têm sido capazes de transformar o impacto televisivo em mais do que um fenómeno de curto prazo. A carreira mais visível, iniciada num concurso, pertence a João Pedro Pais, que não quis tecer muitos comentários sobre os dias em que se deu a conhecer, por ter, nas suas palavras, "escolhido outro caminho". Sobre o regresso dos "Ídolos" e da "Operação Triunfo", o músico explicou não ter "tempo para acompanhar", razão pela qual preferiu não entrar em detalhes, quer sobre os concursos quer sobre o facto de tantos como ele se terem revelado na televisão e não terem singrado. "Fui eu que fiz a minha vida. Cada um escolhe o seu caminho e eu escolhi o meu. Tenho quase 40 anos e prefiro não comentar esses programas. Construí a minha carreira, cantei com o José Mário Branco. Se outros não conseguem, é problema deles." O A&R (abreviatura para responsável pelos Artistas e Repertório) da Universal, Tiago Palma, também não encontra explicação para que, de tantos nomes revelados, poucos deixem a sua marca. "Lá fora, os dois ou três finalistas de cada concurso têm uma carreira promissora e acabam por ficar. Há muito investimento neles e isso até deve partir da produção dos programas. Aqui não tens isso. Na primeira "Operação Triunfo", o prémio era gravar um disco. Isso não voltou a repetir-se", constata. Parte da função de um A&R passa por "caçar" talento e Tiago Palma garante acompanhar "todas as séries, pelo menos os primeiros episódios e a fase dos castings". Apesar de reconhecer nestes programas de entretenimento um potencial viveiro de talento - "não me lembro de um concurso em que não aparecesse alguém com interesse" -, apenas contratou dois artistas revelados na televisão. E, no caso de TT, tratou-se de uma vitória no finado "Mini Chuva de Estrelas" quando contava apenas dez anos. Para Tiago Palma, "o problema da maior parte dos programas é que nem sempre reflectem a personalidade de quem canta". Pela mesma razão, "consegue perceber-se muito bem se uma voz é boa mas, assim como há muita gente que canta bem e não faz carreira, também há quem não tenha esses dotes e grave música óptima".
Fonte: DN

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