quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Moura Guedes sai da TVI por falta de identificação com o canal

A jornalista Manuela Moura Guedes rescindiu este domingo o seu contrato com a TVI, informou a estação de televisão em comunicado. "No passado dia 17 de Outubro foi acordada, por mútuo acordo, a rescisão do contrato de trabalho entre a TVI e a jornalista Manuela Moura Guedes que deixa assim, a partir desta data, de fazer parte dos quadros da estação", lê-se na nota, onde também é explicado que "por razões de confidencialidade inerente ao acordo celebrado, a TVI entende não dever adiantar pormenores nem comentários acerca do mesmo". A jornalista chegou a dizer publicamente que não sairia do canal sem uma indemnização no valor de um milhão de euros. Contactada, Manuela Moura Guedes disse não poder comentar as condições em que sai da estação. Sobre o último ano, apelidou-o como "com pesadelo que foi público" e que foi composto com "um conjunto de episódios" dos quais nem sempre foi protagonista. No que diz respeito às suas recordações dos 15 anos na TVI, respondeu: "Gostei muito do que fiz mas as empresas são empresas. Quando me identifico eu gosto e quando deixo de me identificar não sinto nada". Na madrugada de hoje a jornalista já tinha avançado a notícia na sua página na rede social Facebook: "Faço parte, a partir de hoje, do imenso grupo de desempregados deste País! Está acabado o meu contrato de trabalho com a TVI! Acaba-se um ano de pesadelo sempre à espera que se fizesse justiça... E era impossível voltar porque seria para fazer o que sempre fiz, jornalismo verdadeiro que não cede a pressões vindas de onde... vierem. Estou um pouco assustada com o Futuro... mas, para já, obrigada pelos mimos que me dão!" A direcção de informação da TVI não quis comentar a saída de Moura Guedes, mas o PÚBLICO sabe que toda a negociação foi feita directamente com a administração do canal. A pivot estava de baixa médica há mais de um ano, após ter sido suspendido em Setembro do ano passado o telejornal que apresentava, o "Jornal Nacional 6ª". Um cancelamento na véspera das eleições legislativas, que gerou fortes polémicas e que chegou a ser atribuído ao primeiro-ministro, José Sócrates, por naquele espaço se terem divulgado várias notícias sobre o caso Freeport. A decisão fez também cair a direcção de informação do canal maioritariamente detido pelo grupo espanhol Prisa. A jornalista chegou mesmo a mover um processo contra José Sócrates na sequência das suas declarações sobre o "Jornal Nacional 6ª", alegando que tinha sido alvo de difamação. O procurador-adjunto do Departamento de Investigação e Acção Penal pediu, sem autorização superior, o levantamento da imunidade parlamentar do primeiro-ministro – o que lhe valeu uma sanção do Conselho Superior do Ministério Público. O inquérito foi entretanto arquivado.Moura Guedes estava na estação de Queluz desde 1995 e esta não foi a primeira vez que foi afastada: a administração da Media Capital, em 2005, também a afastou temporariamente do ecrã.
Fonte: Público

Sem comentários: