sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"Agora é Que Conta" tem figurantes que recebem contas da produção

Afinal, nem todos os concorrentes de "Agora é Que Conta", o programa de Fátima Lopes na TVI, têm contas para pagar. O DN apurou junto de várias fontes que uma parte dos elementos do público que está em estúdio são figurantes e, por isso, pagos pela Endemol. Nesses casos, os figurantes recebem da produção, antes de o programa ir para o ar, uma factura, que deve ser acenada quando a apresentadora escolhe os concorrentes. A produção do concurso não confirma a existência de figuração, já a empresa responsável pelo público, a Valente Produções, começa por jurar que não há figurantes. Mais tarde, e confrontada com as informações apuradas pe-lo nosso jornal, a empresa concede que há "duas a três pessoas" a fazer figuração. Minutos mais tarde já é "meia dúzia". Por fim, a confissão definitiva: "Colocamos, em média, dez pessoas", diz Valente. Fátima Lopes, por seu turno, diz desconhecer "se há ou não figurantes", mas acredita que "é tudo concorrentes". "Há pessoas que se inscrevem apenas para vir assistir e podem vir a ganhar dinheiro quando eu me dirijo à plateia e escolho uma pessoa a quem pagar uma conta", sublinha. Os figurantes estão avisados de que não vão ser bafejados pela sorte. "Os que mandamos sabem que não vão concorrer, nós apenas compomos a plateia", justifica Valente. Acrescentando que, ainda assim, "faz sentido usarem um cartão e facturas como se se tratasse de concorrentes à séria". O DN faltou com Paula [nome fictício], uma das figurantes do programa da Endemol. "Fui lá apenas uma vez. Deram-me um papel para a mão, que era uma factura de 20 ou 30 euros, e um número para pôr ao pescoço", relata, declarando ser tudo "uma aldrabice". Uma segunda figurante, Luísa, tem "levado as facturas do telemóvel" e não estranha "não ter sorte na parte do sorteio". Tanto uma como outra saem com uma certeza: levar dez euros para casa a troco de recibo verde após duas horas de trabalho. Ao longo das oito semanas de exibição do concurso vespertino da TVI, as audiências têm vindo a descer (apesar de uma recuperação nos últimos dias): uma média de menos 130 mil espectadores do que na primeira semana. O DN fez as contas e, de acordo com as médias calculadas a partir de dados da Marktest, conclui-se que quase um terço das mulheres desistiu de acompanhar "Agora é Que Conta". Neste período, quase metade do público da Grande Lisboa deixou de ver Fátima Lopes, sendo que a maior quebra foi no Sul (quase menos dois terços). O interior inverteu esta tendência porque entraram quase 40 mil pessoas a mais neste auditório. Do ponto de vista socioeconómico, a classe mais baixa (D) registou a maior quebra, em torno de 65 mil desistências. Há, também aqui, uma particularidade: os mais ricos (classes A/B), que vinham em tendência de descida ao longo das últimas semanas, subiram e até já superaram as médias iniciais da primeira semana. A classe dos mais velhos tem sofrido grandes variações, mas constituía também uma perda considerável, na ordem das 30 mil pessoas quando comparado com o arranque. Mesmo sem querer adiantar explicações, Fátima Lopes acredita que "o público mais jovem exige que o programa seja completamente diferente todos os dias e os mais velhos divertem-se, brincam e riem". Para a direcção da TVI, o concurso "está a correr dentro do esperado". "O que acontece é que o programa se estreou melhor que se esperava e os resultados são superiores aos que tínhamos naquele horário", justifica o director geral, João Cotrim Figueiredo.
Fonte: DN

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