sábado, 27 de novembro de 2010

"Contra Informação" acabou

O "Contra Informação", programa de sátira política exibido há quase 15 anos na televisão pública, acabou. A RTP não renovou para o próximo ano o contrato com a Mandala, produtora do programa, e os bonecos de Acabado da Silva e José Trocas-te vão deixar de aparecer na estação pública. "Acabou", confirmou Nuno Artur Silva, que ao lado de Rui Cardoso Martins e José de Pina, foi autor da ideia original do "Contra Informação". O também fundador das Produções Fictícias, onde eram criados os textos para o programa, sublinha que o fim do "Contra Informação" não foi uma "decisão abrupta". "O fim do programa já vinha sendo falado. Houve uma conversa entre a Direcção de Programas da RTP e a Mandala e a decisão foi tomada", adiantou Nuno Artur Silva. Questionado sobre se este seria também o fim para um formato como o do "Contra Informação", o ficcionista indicou que apesar da decisão de pôr um ponto final ao contrato entre RTP e Mandala "não foi fechada completamente a porta" a este tipo de programas. "Se será este o formato, se vai ser reformado, não se sabe", acrescentou. O autor também não quis avançar razões para o cancelamento do contrato, remetendo explicações para o director de Programas da RTP, José Fragoso. José Fragoso conta que a necessidade do programa se reinventar já tinha sido falada por várias vezes: "Na área do humor surgiram vários projectos nos últimos anos na TV de sinal aberto e no cabo e era vital encontrar uma fórmula nova". Chegada a altura de renovação de contrato, conta o responsável, a RTP decidiu não renovar. Fragoso, que sem adiantar valores diz que "o "Contra" era um programa caro", reconhece que 15 anos de percurso criam uma afectividade de todos com o programa. "Mas os programas têm um princípio e um fim", diz, adiantando que esteve tentado a acabar, em 2008, com outro formato da estação pública com a mesma longevidade do "Contra": o programa da manhã "Praça da Alegria". "O Praça faz agora 15 anos e eu pensei que aquele formato tinha acabado". Nuno Artur Silva lamentou, no entanto, o fim do "Contra", o "programa de humor há mais tempo no ar". "É um feito chegar a 15 anos de programa. É uma coisa rara na televisão portuguesa. Acima de tudo, há que fazer um saldo positivo deste programa, que deixou marcas na cultura portuguesa". Mafalda Mendes de Almeida, directora geral da Mandala, adiantou que a produtora foi informada esta semana da decisão. "Fiquei sensibilizada pelo respeito, a consideração com que foi feito o anúncio" por parte de José Fragoso, disse a responsável, a quem foi garantido pelo director de Programas da RTP que "não se fecha a porta" a uma futura colaboração. Quanto ao futuro, Mafalda Mendes de Almeida diz que agora é tempo de reflexão. "Vamos parar para reflectir, para pensar o que podemos vir a fazer". Questionada sobre o futuro da equipa que até aqui criava o "Contra", a directora da Mandala indicou que o fim do contrato com a RTP surge quando termina também o contrato com 18 pessoas, nomeadamente manipuladores de bonecos. A reunião que ditou o fim do "Contra" ocorreu esta semana. Mafalda Mendes de Almeida tinha avançado no passado dia 19 que ia haver um encontro com a RTP no dia 25 para discutir o futuro do programa, mas sublinhou que nada indicava que a parceria iria terminar. "É verdade que vamos ter uma reunião com a RTP no dia 25, mas não tenho qualquer indicação no sentido de não haver uma renovação do formato. Sempre tivemos uma óptima relação com as direcções de programas da RTP, e agora também com José Fragoso. Acho mais sensato tirar conclusões depois de a reunião acontecer", disse. Nuno Santos, que trabalhou cinco anos com a equipa da Mandala enquanto director de Programas da RTP, e pelas mãos de quem o programa passou de diário a semanal em 2006, afirmou que não estabeleceu contacto com a empresa ainda, no sentido de puxar o formato para a SIC. "Não é uma questão que se coloque", disse.
Fonte: Público

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