domingo, 21 de novembro de 2010

Documentário sobre o Douro na RTP2

Eis que, finalmente, o documentário, assinado por António Barreto e Joana Pontes que versa a região vinhateira do Douro, pode ser visto no pequeno ecrã. Após a antestreia, em Maio passado, no Museu a que o rio do Norte empresta o nome, no Peso da Régua, o trabalho estreia este domingo, na antena da RTP2, pelas 20h30 horas. Reza o aforismo que "quanto mais velho o vinho, melhor é". E é, justamente, também sobre os efeitos da passagem do tempo que trata "As Horas do Douro". São 12 meses condensados em cerca de 100 minutos que mostram a mutação paisagística inerente às estações do ano daquele que é o processo de construção humano, e não "divino", do néctar extraído das uvas nesta região. Ciclos que determinam as vidas de quem para eles vive, aqui veiculadas pelo registo de imagens, que, nas suas cambiantes de luz, acabam por se superar a si próprias, incorporando contornos de banda sonora. "Nada há 500 anos, sugeria que houvesse aqui hipótese de se fazer bom vinho. As condições geográficas assim o ditavam: há frio a mais, xisto a mais, terra a mais e água a menos", referiu o sociólogo António Barreto aquando das filmagens que duraram 50 dias. "Os socalcos com vinha, as montanhas, os muros, tudo isto teve gente aqui a trabalhar ao longo de séculos, para fazer estas inclinações, estes patamares, tudo obra do homem", prosseguiu, então, à data. A coabitação harmoniosa entre a técnica contemporânea e científica e os baluartes ancestrais do famoso vinho do Porto, que não raras vezes faz as delícias de um dia, de uma noite, sem que ninguém se interrogue de como foi ali parar, constituem outros dos aspectos abordados no documentário. "Nunca, como hoje, se produziu tanto e tão bom vinho do Porto. Nunca, como hoje, se consumiu tanto vinho do Porto e do Douro no Mundo inteiro. Caso raro na vida económica e cultural portuguesa, o vinho do Porto está na vanguarda do moderno e nunca se separou da tradição que lhes faz o carácter", comentaram os autores na altura da primeira exibição do filme. Saliente-se que a Região Demarcada do Douro granjeou, em 2001, o título de Património Mundial atribuído pela UNESCO. Entrevistas aos protagonistas da labuta do vinho, além de material de arquivo pleno de referências históricas, integram este trabalho que, por outro lado, marca o regresso da dupla António Barreto e Joana Pontes ao ecrã, depois dos documentários "Portugal - Um Retrato Social", sobre a sociedade portuguesa e sobre a própria televisão.
Fonte: JN

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