sábado, 13 de novembro de 2010

Rui Porto Nunes e a estreia como apresentador

Enquanto actor, o que está em causa é a transformação noutra pessoa com o objectivo de ser o mais convincente possível. Ao modelo cabe, quase sempre, a missão de seduzir. Ser apresentador é outra coisa, defende Rui Porto Nunes: "A câmara tem de ser uma amiga". Rui Porto Nunes, de 24 anos, neste momento, mais conhecido como o vampiro da SIC, papel que desempenha na série "Lua Vermelha", estreou-se à séria na apresentação há uns dias num programa em directo - no "Curto Circuito" ("CC"), da SIC Radical - e é dessa experiência recente que parte para falar do que têm sido as suas opções profissionais. "Não foi fácil olhar para a câmara, fico um pouco inseguro", conta. "Como actor, pedem-me o contrário, fingir que a câmara não está lá. Agora estou a aprender a fitar a objectiva". "Uma coisa é comunicar através dela e outra é fazer uma personagem, de cuja existência temos de fazer acreditar o público". Por outro lado, "como apresentador, estás lá tu mesmo, sem cobertura". Imagina-se a seduzir quem está do outro lado? "Não é bem isso", responde. "Isso acontece nos trabalhos de fotografia, de publicidade, na moda. Na apresentação, é completamente diferente". O fundamental passa por saber criar empatia, explica. Antes do "CC", Rui Porto Nunes experimentou o microfone em punho com a Raquel Strada, no Festival Sudoeste, de que resultaram peças curtas, de um minuto, sobre o que se estava a passar no recinto. "No início, senti-me um peixe fora de água, mas acabei por gostar da experiência, do poder de estar a comunicar com outras pessoas". Agora, no "CC", tem tido a oportunidade de sentir a adrenalina própria do directo. "Temos de improvisar, não há teleponto, está tudo nas nossas mãos, há apenas o alinhamento". Acolheu bem esta proposta do Pedro Paiva, responsável pela Sigma 3, que produz o "CC", por ver na apresentação uma mais valia em termos de aprendizagem, embora a opção não traduza qualquer indefinição a respeito do rumo profissional a seguir. "Ser actor está em primeiro lugar", diz, firme. "Adoro construir uma personagem". Há um gozo indescritível na oportunidade de "sentir outra pessoa". É com orgulho que fala dos 12 quilos que perdeu para interpretar o vampiro Afonso. "Não fazia sentido ser de outra maneira. Um vampiro tem de ter os maxilares salientes, não dorme, e fica melhor se for magro". Para este papel, empenhou-se "a 101%". Deixou de parte muitos concertos e festas para se dedicar ao papel. Durante a entrevista recorreu com frequência ao termo trabalho. "Sem trabalho não se vai a lado nenhum. Eu sei o quanto é importante o trabalho". Não acredita que os resultados surjam do acaso, que o talento baste por si só. "Quem não evoluir para outros patamares nesta actividade também desaparece cedo". E daí a exigência constante consigo mesmo. Rui Porto Nunes, como muitos actores da sua geração, deu nas vistas em "Morangos com Açúcar", da TVI, onde entrou, quase por acidente. "Fui lá para fazer figuração especial e depois pediram-me para deixar os contactos". Vê nos "Morangos" uma oportunidade para quem quer começar". É uma "boa escola, sem dúvida!". Também participou na novela "Olhos nos Olhos"(TVI) e fez parte do elenco de uma ópera. Quando se proporcionou falar das origens, Rui Porto Nunes começou por corrigir a proveniência. "Não sou de Portalegre, mas de Esperança, uma aldeia". Na terrinha, quem o conhece pergunta-lhe se a vida lhe corre bem, e o trato mantém-se familiar." Às vezes dão-me os parabéns e dizem-me que estão orgulhosos, mas sempre em tom descontraído". Rui considera-se uma pessoa realista, sem sonhos longínquos e teoriza sobre o assunto com facilidade, como se tivesse a cassete pronta. "Tenho sonhos pequenos, em cada momento da nossa vida devemos saber o que queremos a curto prazo, para agirmos com vista à sua concretização; acredito que assim as outras coisas maiores acabam por vir".
Fonte: JN

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