sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Voo Directo" estreia hoje na RTP1

Segundo uma descrição simplista, trata-se de uma intriga sobre companhias aéreas. Mas "Voo Directo", cuja estreia sucede hoje no canal do Estado, é mais do que isso. As inquietações da geração dos 30 anos são ali retratadas, também no que toca à orientação sexual. Onde há um grupo de mulheres, há pelo menos um gay? Clichés à parte, não deixa de ser um fenómeno cada vez mais palpável. E não porque há mais gays, mas antes porque há mais gays assumidos. "São os melhores amigos das mulheres, é um facto consumado". Quem o afirma é Jorge Henriques que a partir desta noite figurará no horário nobre da RTP1, na pele de Paulo, por assim dizer, um gay no meio de quatro belas mulheres, unidos pela profissão e pela amizade. Desde logo o actor faz a ressalva: "Não é por estar na moda que a personagem integra o enredo", até porque escolhe os papéis que interpreta em conformidade "com o peso que têm na história". Ora "o Paulo apresentava características muito interessantes o que me levou a aceitar o convite", explica. Um desafio, sem dúvida, pelo "risco de cair no ridículo". De resto, nada de melindres. "Acredito que haja colegas com coisas mal resolvidas, e tal pode ser um handicap, mas no meu caso, não". Nem tão pouco receia eventuais insinuações face à sua própria orientação sexual. "Não tenho complexos", afiança. Jorge não poupa elogios à série em que participa e a qual é fruto de uma parceria entre a estação pública portuguesa e a angolana. "Quebra a rotina relativamente ao que estamos habituados a ver no ecrã", assegura. Além da componente estética, "com muitos exteriores e décores diferentes", sobressai a substância narrativa "actual, dinâmica e plena de ritmo". Por outro lado, trata-se da primeira série que versa o universo dos aviões, sendo que o actor deposita aqui a convicção de constituir um "aliciante extra para o espectador", adiantando que "no meio aéreo muitos assistentes de bordo são gays", o que sustenta a ideia de a trama ser apenas um espelho do que se passa na vida real. Quanto à construção da personagem, Jorge refere que não se inspirou em ninguém. Foi portanto, bebendo referências aqui e ali para gizar o perfil de Paulo: alguém que veio do interior do país para Lisboa, onde finalmente se afirmou enquanto homossexual. "Não é um gay nada histriónico, pelo contrário. É controlado e contido. Usa o temperamento sarcástico para frisar o que pensa". Jorge Henriques não considera a comparação entre "Voo Directo" e "O Sexo e a Cidade" descabida, com as devidas destrinças. Vejamos: a história centra-se em Patrícia (Soraia Chaves), Marta (Maya Booth), Weza (Erica Chissapa) e Yara (Micaela Reis), que além de terem em comum a actividade de assistentes de bordo, ainda que de companhias aéreas diferentes, uma portuguesa e outra angolana, têm laços de amizade entre si, cujo sedimentar não será alheio aos voos entre Lisboa e Luanda. Familiar?
Fonte: JN

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