"Mar de Paixão" desceu a costa para se banhar em águas mais tépidas. O núcleo central do elenco da novela da TVI está a gravar no Algarve cenas pautadas sobretudo pelo romance. Apesar de as imagens transpirarem facilidade no ecrã, há um árduo trabalho por trás. Albufeira cheira a maresia e, nesta altura do ano, está já perfumada por fragrâncias estivais. Equipa técnica e principais actores que integram a produção da Plural para a estação de Queluz rumaram um pouco mais a sul nos últimos dias. Pretexto? "A primeira saída de Benedita e de Miguel para fora do habitat natural", elucidou Rogério Samora, que forma par amoroso com a personagem de Paula Lobo Antunes. Parte das gravações decorreram no campo de golfe da Herdade dos Salgados, onde o verde do relvado contrasta com o azul do mar como pano de fundo e, portanto, terreno fértil para o casal estreitar laços, praticando a modalidade. Enquanto o engenheiro se esforça por ensinar a pescadora, cujas investidas na bola são algo desajeitadas, trocam-se olhares cúmplices e gestos de carinho. Mas desengane-se quem cogitar que é um processo célere a feitura de três cenas, nas quais os chamados caddies - que serviram de poiso para alguns nas pausas h e os tacos gozaram de protagonismo para lá dos actores. Pelo contrário. Uma tarde inteira, debaixo do sol, que já queima, e ao sabor de uma brisa com apontamentos incómodos, foi o que durou filmar estes momentos. Nem tudo se pode controlar. A poluição sonora provocada pelas obras num prédio ao lado, além do ruído que as investidas voyeuristas que os respectivos trabalhadores iam produzindo, em nada facilitaram a aparentemente singela operação audiovisual. E quando a bola devia cair no ribeiro tímido que por ali passa, teimava em ir parar a outro lado. E, não sendo suposto dar uma tacada certeira, era quando corria melhor. "Silêncio", "acção", "não pisem os cabos" e "corta" foram as palavras que mais saíram da boca do assistente de realização. "Está feita" só foi dita três vezes. Na manhã seguinte, bem cedo, começa a repetição da dura dose. "É amor, puro e duro", enfatizou Samora quanto ao clima que envolve Miguel e Benedita. "O romantismo é quase sempre piroso. Eu próprio me sinto piroso quando estou apaixonado, faz parte da vida", salvaguardando que o comentário não tinha qualquer conotação pejorativa. O actor foi alternando entre o registo bem-disposto, correndo desenfreadamente pela relva ao som de uma conhecida música que o próprio trauteava, e uma postura séria e preocupada. "Vivo no pânico de não poder falhar perante as pessoas que apostaram em mim". Cansada, perante testemunho das oliveiras, Paula Lobo Antunes esclareceu que "o facto de as personagens pertencerem a classes sociais distintas, e existir um conflito entre a comunidade de pescadores e a empresa ao comando do namorado não abala o amor".Fonte: JN
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