quarta-feira, 30 de junho de 2010

Redução orçamental para o Teatro D. Maria II

Foi entre o orgulho pelos resultados obtidos ao longo de três anos como director artístico do Teatro Nacional D. Maria II e a apreensão face aos progressivos cortes orçamentais que a instituição tem vindo a sofrer que Diogo Infante, apresentou ontem a nova temporada desta sala lisboeta. Prosseguindo uma linha programática que, segundo Infante, "visa reconciliar os grandes textos com o público e devolver a dignidade artística ao D. Maria II", a rentrée do Nacional faz-se, no dia 9 de Setembro, pela mão do próprio director artístico, com a encenação da peça "Um Eléctrico Chamado Desejo", de Tennessee Williams. "Fiquei à espera da Alexandra Lencastre para encenar esta peça", declara o encenador. A actriz, há algum tempo afastada dos teatros, regressa ao palco para interpretar Blanche Dubois, uma mulher frágil e fantasiosa. A linha programática de 2010/2011 faz-se, essencialmente, em torno das produções nacionais. Recorre a encenadores portugueses, quer na adaptação de textos clássicos da literatura universal, quer na criação de novos textos dramatúrgicos. Infante justifica estas escolhas com o seu "projecto artístico" para esta sala, mas também com "a falta de verbas para trazer companhias estrangeiras". Porém, não deixa de frisar que "o D. Maria II terá obras internacionais" embora, na sua maioria, "vindas através das parcerias como a que tem com o Festival de Teatro de Almada. No âmbito das co-produções com outras companhias teatrais surge o espectáculo 1974, que é para Infante "uma das grandes peças da temporada". Criada pelo Teatro Meridional, encenada por Miguel Seabra e com música original de José Mário Branco, a obra 1974 aborda a identidade portuguesa. "A Cacatua Verde" de Arthur Schnitzler traz, em Fevereiro, o actor e encenador Luís Miguel Cintra, ao D. Maria II. "Estas trocas são fundamentais para conquistar outros públicos. O mesmo vai acontecer com o Teatro São João, no Porto, que trará cá duas peças", explica ainda Diogo Infante. "Tambores na Noite", de Bertolt Brecht, encenada por Nuno Carinhas, é uma delas. A actriz Beatriz Batarda regressa à encenação e estreia a peça "Azul Longe nas Colinas", de Dennis Potter, com Bruno Nogueira, Rita Durão, entre outros. Mas um dos mais originais trabalhos propostos é "Noh", uma adaptação da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, por uma companhia de teatro japonesa,os Sakurama Kai. "A fasquia do D.Maria está agora muito alta, mas falta consolidar muita coisa. A primeira exigência que faço é a mim mesmo", conclui Diogo Infante.
Fonte: DN

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