quarta-feira, 30 de junho de 2010

Série sobre República vista pelo lado feminino

Berta da Maia ficou na História pela demanda na procura do assassino do marido. A ficção "Segredo da República", em produção para a RTP1, relata a sua cruzada e acompanha as vidas de algumas das figuras que protagonizaram a Implantação da República. Foi na noite de 19 de Outubro de 1921, conhecida pela "noite sangrenta", que tiveram lugar os acontecimentos que mudariam radicalmente a vida de Berta Maia. José Carlos da Maia, o marido, foi assassinado, tal como o primeiro-ministro demissionário António Granjo e Machado dos Santos, que esteve directamente envolvido na proclamação da República e que ficou conhecido como herói da rotunda. Interpretada pela actriz Isabel Abreu, Berta da Maia é descrita pelo guião de Tiago Rodrigues como uma jovem viúva que "dedica a sua energia a apenas duas coisas: o seu filho e a cruzada que empreende com o objectivo de revelar todas as circunstâncias da morte do marido". Teve de lutar contra o estatuto social e os constrangimentos de comportamentos impostos às mulheres da época, agravados pelo facto de ser uma viúva. A resolução do mistério transforma-se em obsessão. A sua investigação, que durou quatro anos, centra-se em Abel Olímpio, Gonçalo Waddington, conhecido pela alcunha de "dente de ouro", figura central nos acontecimentos da "noite sangrenta". Berta chega mesmo a escrever o livro "As minhas entrevistas com Abel Olímpio, o Dente d’Oiro", para memória futura, uma vez que as provas que encontrou não foram consideradas suficientes para reabrir o processo. A obra viria a ser publicada na véspera do golpe que dá origem ao Estado Novo em 1926. Diogo Infante, Ricardo Aibéo, Nuno Lopes e Miguel Guilherme são alguns dos nomes que integram o elenco da minissérie de dois episódios. Diogo Infante interpreta Machado dos Santos, o primeiro a ser assassinado na noite fatídica. O segundo é José Carlos da Maia, companheiro na revolução de 1910 e também no infortúnio, pois acaba por ser morto na mesma noite. A Miguel Guilherme coube o papel de Óscar Carmona, primeiro presidente da República do Estado Novo, mas que na altura do julgamento de Abel Olímpio e cúmplices é coronel. Nuno Lopes é o mais fiel acompanhante do cabecilha de assassinos, a quem obedece cegamente. As filmagens, a cargo de Tiago Guedes e Frederico Serra, tiveram início a 6 de Junho, numa produção da David & Golias. A minissérie integra o lote de ficções históricas encomendadas pela estação pública para assinalar o centenário da República, que devem começar a ser exibidas a partir de Setembro.
Fonte: JN

Sem comentários: