"Nós nunca fizemos convites a pessoas da SIC." A frase de André Cerqueira é surpreendente, sobretudo quando passa um mês que o director de Programas da TVI conseguiu roubar Fátima Lopes à concorrência. Mas o responsável explica: "Só foi uma pessoa contactada e contratámo-la." Uma provocação à SIC, que tem andado a aliciar várias estrelas de Queluz de Baixo. "Posso contar quase dez pessoas que foram convidadas para sair da TVI", comenta em entrevista. "Temos a Diana Chaves e a Cláudia Vieira, temos as propostas que foram feitas ao Manuel Luís Goucha, à Cristina Ferreira, à Júlia Pinheiro, à Sofia Ribeiro, ao Miguel Sousa Tavares, que perdemos", enumera André Cerqueira, assumindo a derrota neste campeonato. "Por mais que seja líder na guerra das audiências, a TVI perde muito nessas guerras das contratações", diz, deixando escapar a palavra "guerra", que recusa em toda a entrevista, três meses depois de ter assumido o cargo. "Não estamos em guerra, temos é uma estratégia muito vincada do que queremos. Tínhamos uma necessidade e achámos que a Fátima podia ser um reforço muito importante para a TVI", afirma. Não revela o que a antiga apresentadora da SIC vai fazer, mas traça o objectivo para os tempos de crise. "A TVI vai aproximar-se cada vez mais do seu público, não só para entreter mas também para conseguir ajudar a dar informação às pessoas." Pessoas, pessoas, pessoas. Uma das palavras mais repetidas por André Cerqueira, que realça a importância do diálogo para as manter unidas e na TVI. "Antes de qualquer coisa, o que a Cristina fez foi telefonar-me. O Manuel a mesma coisa. Todos eles a mesma coisa. No meio deste jogo, o que eu tenho concluído é que conheço cada vez melhor as pessoas que me rodeiam", diz, lembrando o processo de assédio da SIC. Mas o diálogo é interno, porque há questões a que André Cerqueira não responde, nomeadamente se a cláusula de rescisão de Cristina Ferreira está na ordem do milhão de euros, como uma revista avançou. Um simples encolher de ombros é a reacção do director. O dinheiro é também o assunto quando se fala de Gabriela Sobral, que foi responsável pela produção nacional da TVI durante 12 anos e que se mudou para a SIC. Uma transferência que André Cerqueira não encara como uma derrota, mas antes como uma vitória para a ex-colaboradora. "Estou feliz por ela ter ido para outro canal pelos valores que o outro canal lhe apresentou. Quando esses valores são praticados, há horas na vida em que temos de fazer loucuras", comenta, acrescentando que, na TVI, este não é o momento para isso. Actualmente, cabe a Rita Carrelo exercer interinamente as funções de Gabriela Sobral. E trabalho não lhe falta, tal a quantidade de projectos em preparação. Oito ou nove, descai-se André Cerqueira. Mas deles não fala. Nem sequer do reality show que estreia em Setembro ou de Teresa Guilherme, com quem, assume, se reuniu na semana passada. Mas não se inibe na hora de defender a ficção nacional feita por profissionais portugueses. "Há um investimento da TVI na ficção portuguesa, nos autores, nos actores e técnicos portugueses. Um trabalho que começou há muito tempo e que nós vamos manter. Acho que não é contratando uma equipa inteira lá fora que se está do lado dos portugueses", defende, numa crítica clara à SIC, que fez uma parceria com a Globo para produzir a sua próxima novela, "Laços de Sangue", já em gravações. Uma crítica curiosa, quando quem a faz é um realizador brasileiro que chegou há dez anos a Portugal e que hoje é director de programas de um canal de TV. "Talvez defenda mais a televisão portuguesa do que alguns portugueses porque suei muito por isso, trabalhei muitas madrugadas para que as coisas fossem melhores", comenta. Garante que sabe o nome de todos os actores que trabalham para a TVI, sejam exclusivos ou não, que ganhou a capacidade de ter uma conversa e ver dois canais de televisão ao mesmo tempo e que é insuportável.
Fonte: DN
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