O que sucede quando, por este ou aquele motivo, um actor deixa de súbito a novela sem que nada o fizesse prever? Em função do anúncio da saída de José Carlos Pereira do elenco de "Mar de Paixão", a propósito de um problema aditivo, Eduardo terá de morrer. Doença, gravidez, dependências. Estas são apenas algumas das razões passíveis de causarem enxaquecas agudas aos guionistas de tramas televisivas. Afinal, como descalçar a apertada bota de, repentinamente, ficarem sem uma personagem na intriga? As soluções não são muitas: morte, desaparecimento, ou viagem, são os ganchos mais recorrentes para tapar o furo na narrativa. Patrícia Muller viu-se agora a braços com uma situação destas. A autora de "Mar de Paixão", no ar na antena da TVI, teve de encontrar um fim para Eduardo, interpretado por José Carlos Pereira, em virtude do abandono do actor do trabalho, para integrar um programa de reabilitação. Os excessos na ingestão de álcool estarão na proa do seu problema. "A sorte é que temos muitas personagens, elencos grandes e vamos refrescando as entradas e saídas", comenta Patrícia Muller, pelo que diz ter sido "relativamente fácil de gerir". O facto de não ser uma intriga estanque também facilitou a tarefa. Acaba, pois por ser uma questão estratégica, que nem movimentar peças num tabuleiro de xadrez. "Temos de nos coser por outras linhas, se não há a azul, usamos a amarela". Quem não demostra tanto optimismo quanto a estes contratempos é António Barreira, que assina "Meu Amor", também para a estação de Queluz. "Implica muitas alterações de fundo". E dá um exemplo sintomático do jogo de cintura que constituiu a inesperada necessidade do actor José Martins se ausentar da novela "Queridas Feras", da qual era co-autor. "Tínhamos na altura uma frente aberta de cerca de 90 episódios e ele entrava em quase todos. Era um emigrante, marialva, e tivemos de o tirar da história através de um desaparecimento", conta. Para o efeito, "criámos uma outra personagem, um primo dele, fiel signatário do seu segredo maior. Felizmente o José melhorou e conseguimos reintegrá-lo". Barreira acautela sempre a coerência com que estas passagens são feitas. "Não pode ser descabido, antes em conformidade com o perfil da personagem", salienta. Um pouco diferente é quando se está perante uma saída de um actor previamente planeada. "Aí, há tempo de preparação. Geralmente avisam-nos com antecedência". Sobretudo, se o factor se prender com outros compromissos profissionais já agendados.
Fonte: JN
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