sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Série documental sobre a história do fado na RTP1

"Trovas Antigas, Saudade Louca". Assim se intitula o leque de seis capítulos sobre a história do Fado, cuja estreia sucede esta sexta feira no horário nobre da estação pública. Carlos do Carmo veste o papel de guia desta viagem em torno de um dos maiores ícones nacionais. Trata-se de um projecto que, segundo Carlos do Carmo, um dos grandes vultos da canção portuguesa por excelência, poder-se-ia chamar "Para Uma História do Fado", no sentido da sua salvaguarda. Com guião original de Rui Vieira Nery, teórico de referência no que a esta música diz respeito, os programas pautarão "ângulos complementares de um olhar amplo sobre o Fado", preservando a ideia de que "está presente, não é um género morto", frisou o perito. A iniciativa não é alheia à candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, contando com o precioso auxílio do arquivo da RTP que estará comprometida com a causa até que seja conhecida a decisão, prevista para Setembro de 2011. Cada episódio de "Trovas Antigas, Saudade Louca" reporta a um verso alusivo a temas de Carlos do Carmo. O primeiro dá pelo nome de "Raízes - Nasceu assim, cresceu assim, chama-se Fado" e procede a uma travessia até aos primórdios deste símbolo tão lusitano. "A série envolve os próprios protagonistas, desde eruditos do terreno, às casas de Fado", referiu Vieira Nery. Carlos do Carmo será, então, o cicerone dos mergulhos temáticos por este precioso tesouro nacional. No capítulo de estreia perceber-se-á melhor a génese deste estilo. A título de exemplo, o mito da Severa, aquela que para muitos é a sua grande fundadora, será ali escamoteado. Alfredo Marceneiro, ou Fernando Maurício são outras das figuras em destaque da vasta tribo. E se hoje o Fado colecciona cada vez mais militantes, não há muito passou por fase uma obscura, em que era já carimbado de obsoleto. Segundo Carlos do Carmo "à boa maneira do nosso carácter, a suspeita deu lugar à solidificação", que importa agora regar através de um exercício reflexivo, propósito esse servido por este conteúdo, disse. "A partir daqui fica instalado o corolário de todo um percurso. Não procurámos distorcer, ou sobrepormo-nos a nada", ressalvou o fadista, aludindo ainda à "urgência" de um espaço destes em televisão. "Era necessário projectar o Fado para o futuro, blindando o nosso trabalho para proteger as gerações vindouras". E rematou: "O Fado não é melhor, nem pior, é diferente. É essa diferença que tem de ser estimada. O Fado tem ainda tudo em aberto".
Fonte: JN

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