quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Príncipes do Nada" estreia dia 9 na RTP1

"Os nossos sofrimentos são pequenos quando comparados com outros. Numa altura em que há uma evidente crise financeira, há que relativizar o sofrimento para que não se fechem os olhos aos outros." A frase é de Catarina Furtado, embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas há dez anos, e que volta a abrir os olhos aos outros a partir de terça na RTP1, com a estreia da segunda temporada de "Príncipes do Nada". Três anos depois da primeira edição, Catarina diz-se diferente. "Mais consciente, por um lado, menos sonhadora, por outro. E mais empreendedora, mais descentralizada e com muito mais energia, até porque tenho um gráfico e prioridades muito mais definido na minha cabeça", conta. A segunda temporada de "Príncipes do Nada" apresenta 13 programas com "duas a três histórias por semana", que a sua autora define como "histórias reais de sobrevivência, que mostram o trabalho dos voluntários, de organizações não governamentais e organizações regliosas". Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe e Timor são os cinco territórios por onde Catarina Furtado passou. Por todos conheceu "situações degradantes" e "exemplos de coragem e de vida". "É muito constrangedor pensar que há pessoas que sobrevivem sem casa de banho, sem água potável, que não têm comida e que, por isso, comem folhas", enumera Catarina Furtado. A embaixadora da ONU agradece à RTP o apoio que lhe tem dado e a oportunidade de levar estas histórias à antena. "O que mais me comove é a facilidade com que se morre. Ainda por cima porque aquelas causas de morte são todas evitáveis." Ao longo do último ano, Catarina Furtado conseguiu conciliar a apresentação de programas de entretenimento na RTP com as viagens, as gravações e os depoimentos que trouxe dos países por onde passou. Agora, há que passar as emoções que viveu no terreno ao papel (é ela que escreve o que diz no programa) e a 25 minutos de emissão semanal. Apesar da dificuldade que a leva a intensas batalhas interiores, Catarina não hesita sobre as suas preferências. "Gosto muito de fazer entretenimento, funciona como escape, mas é ali no Príncipes do Nada que me encontro totalmente inteira. Enquanto cidadã consciente dos seus direitos e deveres; enquanto mãe, porque vejo coisas incríveis; e enquanto mulher, porque percebo que o que as mulheres sofrem no mundo é inqualificável", explica. Consciente da urgência de cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015, Catarina Furtado sabe que há ainda muito para fazer. "Para esta segunda série, voltei a alguns sítios onde tinha estado há três/quatro anos. Notei que houve alguns avanços, por exemplo, ao nível da escolarização. Mas há ainda tanto para fazer. Tanto, tanto", enfatiza a apresentadora que, quando regressa a casa, não consegue libertar da pele os cheiros a dor e sofrimento. "Quando chego a casa, vejo as minhas crianças e penso na sorte que elas têm. E é por isso que lhes tento incutir esses valores, essa preocupação permanente. É fundamental não fecharmos os olhos aos outros", conclui.
Fonte: DN

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