sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Virgílio Castelo fala da personagem de "Laços de Sangue"

De volta às novelas no papel de Henrique, um pianista de sucesso que desaparece misteriosamente de casa durante sete anos e passa a viver na rua, Virgílio Castelo lidou de perto com a realidade dos sem-abrigo para a sua personagem em "Laços de Sangue" (SIC). "Infelizmente este tipo de personagem está muito ao dispor do actor. Todos os dias vemos na rua esta realidade. Ao pé de minha casa há alguns sem-abrigo e quando soube que ia fazer este papel comecei a observar de maneira mais profunda os seus comportamentos", revela o actor, que ficou chocado com o que encontrou: "O que mais me chamou a atenção foi o vazio que criam à volta deles, como se vivessem numa cápsula. Parecem alheados da realidade, e foi esse vazio que tentei reproduzir." As cenas de rua foram gravadas na zona de Arroios, em Lisboa, onde o problema tem larga expressão. As mesmas "tiveram a participação de alguns autênticos sem abrigo", revela Virgílio Castelo, que chegou a passar por um sem tecto. "Olhavam para mim como se fosse um deles", conta. Muito graças à caracterização de que foi alvo para a novela da noite da SIC. "Fizeram-me uma extensão do cabelo e pentearam-me a barba de maneira a parecer maior. E o gorro também ajudou ao figurino", justifica. O também consultor para a ficção da SIC não esconde que ter feito de sem-abrigo o sensibilizou ainda mais para "uma realidade muito violenta, porque, para além de viverem na rua e de não terem o que comer, há outra questão complicada: a indiferença". E aproveita para pôr o dedo na ferida: "As pessoas estão tão concentradas nas suas vidas que a sensação que fica é que ninguém lhes liga nenhuma." Virgílio Castelo reconhece ainda a importância de uma novela em horário nobre abordar temas polémicos como este, como forma de agitar consciências. "Na SIC queremos que os produtos de entretenimento sejam o ponto de partida para uma reflexão. Qualquer tema importante para a sociedade deve ser abordado de forma a sensibilizar as pessoas. "Laços de Sangue" toca em assuntos importantes, como é o caso dos sem abrigo mas também do desemprego ou da delinquência juvenil", recorda o responsável pela ficção da estação de Carnaxide.
Fonte: DN

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